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Cancro da cabeça e pescoço: como reconhecer os sintomas

Em Portugal, são diagnosticados anualmente cerca de três mil novos casos de cancro da cabeça e do pescoço, tornando-o no sétimo cancro mais frequente em toda a Europa.

Desta designação não fazem parte as neoplasias relacionadas com o cérebro, olhos ou esófago. Fique a conhecer a etiologia deste problema.


O que é o cancro da cabeça e pescoço

90% dos tumores de cabeça e pescoço correspondem a um tipo de carcinoma designado como carcinoma escamoso ou espinocelular. Contudo, podem ainda ser (em minoria), linfomas, sarcomas ou adenocarcinomas.

O cancro da cabeça e pescoço corresponde a qualquer tipo de cancro que se desenvolva nas células escamosas que cobrem as superfícies da mucosa da boca, do nariz ou da garganta, por exemplo, com exceção dos olhos, cérebro, esófago e orelhas. Nesta designação cabem ainda os cancros que começam nas glândulas salivares, embora estes sejam raros.


Os vários tipos de cancro da cabeça e pescoço

A classificação/designação destes cancros é feita de acordo com o local onde se instalam.

Assim, o cancro da boca (cavidade oral) inclui os lábios, os dois terços anteriores da língua, o revestimento interior das bochechas, as gengivas, o palato (céu da boca) e o pavimento da boca (a parte inferior).

O cancro da garganta inclui a faringe e a laringe e o cancro do nariz e seios paranasais refere-se à cavidade nasal e aos seios paranasais, as pequenas cavidades no interior dos ossos do nariz.


Sintomas frequentes do cancro da cabeça e pescoço

Como em todos os cancros, e na maior parte das doenças, a deteção precoce pode fazer a diferença no que respeita às possibilidades de tratamento, pelo que é importante estar atento aos sintomas e consultar um médico.

Eis alguns dos sintomas que podem indiciar a existência de um cancro da cabeça e pescoço e que, embora comuns a outras patologias, devem merecer atenção:

  • Um papo (um “alto”) ou uma ferida que não cura.
  • Dor de garganta que se prolonga no tempo e nunca desaparece completamente.
  • Dificuldade em engolir.
  • Alterações na voz ou rouquidão persistente.
  • Tosse crónica.
  • Obstrução nasal ou sangramento de uma das fossas nasais persistente.
  • Perda de peso.
  • Otalgia (dor de ouvido), na ausência de causas inflamatórias ou infeciosas.

Estes sintomas também podem estar relacionados com outras doenças, de menor gravidade. Perante qualquer um destes sintomas, principalmente com duração igual ou superior a duas a três semanas, é importante consultar um médico.

Alguns sintomas mais específicos do cancro da cabeça e pescoço são:

  • Cavidade oral: uma mancha branca ou vermelha nas gengivas; língua ou revestimento interior da boca; sangramento frequente ou dor na boca; inchaço nos maxilares que causa desconforto e que leva ao desajustamento da dentadura, por exemplo.
  • Faringe: dificuldade em falar ou respirar; dor no pescoço ou na garganta que não desaparece; dor ao engolir; dor de cabeça frequente; dor de ouvidos, dificuldade em ouvir ou sensação de zumbido.
  • Laringe: dor ao engolir ou dor de ouvidos.
  • Cavidade nasal e seios paranasais: infeções crónicas dos seios que não passam mesmo após o tratamento com antibióticos; sangramento frequente do nariz; dores de cabeça frequentes, dor nos dentes de cima; inchaço ou outros problemas recorrentes nos olhos; problemas com dentaduras.

Fatores de risco

  • Fumar e consumir bebidas alcoólicas são os fatores de risco mais importantes no que toca ao cancro da cabeça e pescoço. No que respeita a esta neoplasia, cerca de 75 por cento dos casos são provocados pelo consumo de tabaco e álcool, sendo que quem consome álcool e tabaco está em maior risco de desenvolver este tipo de cancro do que quem consome uma ou outra substância isoladamente.
  • Estar infetado com o Vírus do Papiloma Humano (HPV) constitui um fator de risco para alguns tipos de cancro da cabeça e pescoço, como é o caso do cancro da orofaringe.
  • Também o consumo frequente, nomeadamente, durante a infância, de alimentos salgados ou processados é um fator de risco aumentado.
  • Uma fraca higiene oral e a falta de dentes podem, igualmente, ser considerados um fator de risco para o cancro da cabeça e pescoço.
  • A exposição ao pó de madeira, ao níquel e ao formol, bem como a outras substâncias utilizadas na construção civil e nas indústrias têxtil, cerâmica, metalúrgica e alimentar é outro fator de risco aumentado para esta patologia.
  • A infeção pelo vírus Epstein-Barr também pode estar na origem deste tipo de cancro, neste caso, do carcinoma da nasofaringe.

Diagnóstico

Não havendo rastreios instituídos, muitos destes cancros só são detetados quando a pessoa já desenvolveu algum tipo de sintoma, mas podem também ser descobertos durante uma consulta de rotina.

Perante a suspeita de cancro, vários exames podem ser feitos, desde o exame neurológico a uma endoscopia, biópsia, ressonância magnética ou tomografia axial computorizada (TAC), além de anamnese e exame físico, que acabam por orientar o seguimento e investigação do paciente.


Tratamento

O tratamento do cancro da cabeça e pescoço varia consoante o doente, o seu estado geral, idade e outras comorbilidades, a localização e estadiamento da doença.

De uma forma geral, poderá passar por cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapêutica-alvo (ou terapia dirigida), imunoterapia, ou uma combinação de vários tipos de tratamento. Na grande maioria dos casos, um acompanhamento multidisciplinar acaba por ser necessário, além de benéfico para o paciente.