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Alergia a insetos: cuidados a ter, como evitar e tratar

A alergia a insetos é um problema bastante comum e habitualmente benigno. Na Europa, mais de 95 por cento das reações alérgicas estão relacionadas com picadas de himenópteros, um dos maiores grupos de insetos que existem e no qual se incluem as abelhas e as vespas.

Os venenos destes animais têm uma ação tóxica, pelo que a sua picada pode desencadear reações, mesmo em pessoas sem problema de alergia.

Há, no entanto, muitos outros insetos cuja picada ou mordedura podem gerar uma reação alérgica. É o caso dos mosquitos, moscas, pulgas e percevejos.

Embora a maior parte dos casos de alergia a insetos não seja grave, ou tenha pouca gravidade, em situações extremas, pode causar a morte se não for imediatamente tratado.


Como atuar em caso de alergia a insetos

Causas e sintomas

As reações alérgicas são respostas exageradas, ou inadequadas, do sistema imunológico a uma substância que normalmente é inofensiva.

Entre as alergias mais comuns estão as que têm origem em insetos que, através da sua picada ou mordedura, deixam ficar veneno na nossa pele. Isto acontece, sobretudo, nas épocas de maior calor.

No caso dos himenópteros, entre os quais as abelhas e as vespas, os seus venenos são constituídos por proteínas com ações tóxicas e enzimáticas.

Os sintomas provocados são, normalmente, locais e ligeiros. Entre eles, os mais frequentes são os seguintes:

  • Inchaço no local da picada (até 24 horas se for uma picada até 10 centímetros de diâmetro, ou mais de 24 horas quando se trata de uma picada superior a 10 centímetros de diâmetro);
  • Dor;
  • Comichão;
  • Sensação de queimadura;
  • Vermelhidão.

Nos casos mais graves, estas reações podem ser acompanhadas por fadiga, náuseas e febre.

Quando a picada é na cabeça, sobretudo na região à volta dos olhos, pode ocorrer inchaço das pálpebras.

Se for na face, em especial na boca, a pessoa pode sofrer um angioedema (inchaço) da laringe, com obstrução das vias aéreas (responsáveis pelo transporte de ar até aos pulmões) e, consequentemente, risco de vida.

As situações mais sérias são quando as reações alérgicas são do tipo sistémico.

Nestes casos, habitualmente, surgem alguns minutos após a picada e têm diferentes graus de gravidade:

  • Grau I
    • Comichão generalizada;
    • Urticária;
    • Vermelhidão;
    • Mal-estar geral;
    • Ansiedade.
  • Grau II – um dos anteriores e dois ou mais dos seguintes:
    • Angioedema;
    • Pressão ou aperto torácico;
    • Náuseas;
    • Vómitos;
    • Diarreia;
    • Dor abdominal;
    • Vertigens.
  • Grau III – um dos anteriores e dois ou mais dos seguintes:
    • Falta de ar;
    • Pieira (assobio ao respirar);
    • Estridor (som agudo ao respirar);
    • Dificuldade em engolir ou em falar;
    • Rouquidão;
    • Fraqueza;
    • Confusão;
    • Sensação de morte iminente;
  • Grau IV – um dos anteriores e dois ou mais dos seguintes:
    • Hipotensão arterial (tensão arterial muito baixa);
    • Choque;
    • Perda de consciência (desmaio);
    • Incontinência de esfíncteres;
    • Cianose (cor arroxeada da pele).

Podem ainda ocorrer reações tóxicas quando a pessoa sofre picadas múltiplas e simultâneas, ficando em risco de vida.


O que fazer?

Quando a pessoa sofre uma picada de abelha, geralmente o ferrão fica na pele. Daí que, após a picada, deve ser removido o mais rapidamente possível com as unhas ou utilizando, por exemplo, um cartão de crédito (raspar).

É, também, importante manter o local da picada limpo com água e sabão para evitar que infecione.

A zona não deve ser comprimida, pois se o fizer pode estar a provocar uma injeção adicional de veneno.

De seguida, são habitualmente tomadas as seguintes medidas:

  • Se for uma reação local, aplicação de gelo ou compressas frias no local da picada;
  • Quando se trata de uma reação local maior, é também aplicado um creme corticosteroide. Deverá, ainda, tomar um anti-histamínico oral durante dois a três dias. Para os casos mais graves é recomendável um corticosteroide oral (dois a três dias);
  • Na presença de comichão e/ou angioedema, o tratamento costuma envolver um anti-histamínico oral ou intramuscular e um corticosteroide oral ou endovenoso;
  • Nos casos mais graves, pode ser necessária a toma de adrenalina, oxigénio e medidas específicas de tratamento do choque anafilático.

Os doentes com história de reações sistémicas graves devem ter sempre consigo um dispositivo (caneta ou seringa) de emergência contendo adrenalina para auto-administração. Devem, também, ser portadores de anti-histamínico e corticosteroide.

Sempre que forem picadas, as pessoas com alergia devem tomar imediatamente o anti-histamínico e o corticosteroide.

Se começarem a sentir sintomas de reação alérgica sistémica, devem preparar a aplicação da injeção de adrenalina na face antero-lateral da coxa e através da roupa se necessário.

A vacinação contra o veneno ao qual são alérgicas é o único tratamento eficaz para as pessoas com história de reações alérgicas sistémicas graves.


Diagnóstico

O diagnóstico da alergia a insetos é feito com base na história clínica da pessoa, designadamente, o seu tipo de reação alérgica, e da realização de um conjunto de testes cutâneos (na pele) que permitem identificar o veneno e o inseto em causa.

É também avaliada a presença de anticorpos específicos para o veneno de heminópteros.

Visto que um número significativo de pessoas tem testes positivos sem história de reação à picada, só é aconselhada a realização destes exames se a pessoa já tiver tido um episódio de reação alérgica.


Prevenção

As pessoas com alergia a insetos, em particular quem já teve uma reação à picada de abelha ou de vespa, devem tomar medidas para se protegerem, tendo em conta que, habitualmente, eles só picam quando se sentem ameaçados.

Além disso, é importante saber que os insetos tornam-se mais agressivos com o calor e com cheiros intensos ou perfumados.

Assim, é recomendável:

  • Evitar os locais onde os insetos costumam estar (jardins com flores, árvores de fruto, troncos de árvores caídos, lenha ou caixotes do lixo);
  • Afastar-se de colmeias e ninhos de vespas;
  • Evitar o uso de perfumes ou cosméticos com cheiro intenso;
  • Nunca andar descalço, sobretudo em relvados;
  • Evitar o uso de roupa larga com cores brilhantes e padrões florais;
  • Evitar beber e comer ao ar livre;
  • Não fazer movimentos bruscos nem enxotar quando abelhas ou vespas se aproximam;
  • Se a pessoa for atacada, deve proteger a cara com os braços ou uma peça de roupa;
  • Usar capacete e luvas quando andar de bicicleta ou moto;
  • Inspecionar o carro antes de entrar e manter as janelas fechadas;
  • Se já tiver sofrido uma reação alérgica grave, andar sempre com o dispositivo de adrenalina (nunca o deixar no carro ou em casa).