Como saber se sofre de rinite alérgica
A rinite alérgica é uma doença que se manifesta através da inflamação da mucosa nasal. Estima-se que esta patologia afete cerca de 22% a 26% da população portuguesa e aproximadamente 43% das crianças com idades compreendidas entre os 3 e os 5 anos.
Esta doença, muitas vezes subdiagnosticada e subtratada, pode estar associada a outras patologias não controladas, como é o caso da sinusite, da polipose nasal, da otite ou da asma brônquica (inserir link asma).
Os alergénios que estão, mais frequentemente, na base da rinite alérgica são: os ácaros, os fungos, os pólenes (inserir link pólen) e as fâneros de animais, entre outros. Fique a conhecer melhor esta doença.
Quais os sintomas da rinite alérgica?
A sintomatologia associada à rinite alérgica consiste numa resposta ou reação do sistema imunitário ao processo inflamatório desencadeado pela doença. Alguns dos seus sintomas mais comuns são:
- crises de espirros;
- congestão e obstrução nasal;
- rinorreia aquosa (anterior ou posterior);
- prurido no nariz, garganta, ouvidos e olhos.
Estes sintomas podem ainda ser acompanhados por tosse, diminuição do olfato, dor de cabeça, cansaço e/ou olheiras.
A duração da sintomatologia associada pode ser muito variável, de intermitente (menos de 4 dias por semana ou menos de 4 semanas) a persistente (mais de 4 dias por semana ou mais de 4 semanas).
Geralmente, quando a rinite alérgica é provocada por pólenes e alguns fungos, é sazonal, ou seja, manifesta-se em épocas específicas do ano.
Por esse motivo, nestes casos, a duração e a intensidade dos sintomas vão estar relacionadas com os ciclos de polinização. Além disso, estes quadros de rinite alérgica também podem apresentar conjuntivite, ou seja, olho vermelho, lacrimejo, prurido e sensação de corpo estranho.
Os níveis de gravidade da doença também podem variar, em função do modo como a sintomatologia interfere ou não no dia a dia do doente.
Em particular nas crianças e adolescentes, a rinite alérgica pode revestir-se de sintomas mais graves que não só prejudicam a qualidade de vida do doente, provocando despertares noturnos frequentes devido ao bloqueio nasal intenso e à secura da orofaringe, como podem evoluir mais facilmente para quadros de asma, otite ou sinusite.
Assim, consideram-se:
Doentes com rinite alérgica ligeira
- Doentes com sono normal;
- Doentes que conseguem executar normalmente as atividades diárias (laborais ou escolares), desportivas e/ou dos tempos livres;
- Doentes com sintomas toleráveis e pouco incomodativos.
Doentes com rinite alérgica moderada-grave
- Doentes com sono alterado;
- Doentes com dificuldade em executar normalmente as atividades diárias (laborais ou escolares), desportivas e/ou de tempos livres;
- Doentes com sintomas incomodativos e que afetam o seu bem-estar;
- Doentes que demonstram fadiga, irritabilidade, problemas de memória, sonolência diurna, ansiedade, depressão e alterações na aprendizagem, comportamento, atenção, produtividade e desempenho profissional/escolar.
Fatores de risco
Há algumas condições que podem favorecer o desenvolvimento da rinite alérgica.
Alguns deles são:
- outras doenças alérgicas;
- asma;
- dermatite atópica;
- história familiar de rinite alérgica;
- frequentar ambientes muito expostos a alergénios como pelos de animais, ácaros ou fumo do tabaco.
Diagnóstico
Habitualmente, o diagnóstico de rinite alérgica é feito tendo por base:
- a caraterização dos sintomas nasais apresentados pelo doente;
- a identificação de outros sintomas associados;
- história pessoal e familiar de atopia;
- doenças alérgicas concomitantes;
- antecedentes patológicos;
- medicação regular.
Além disso, são prescritos testes cutâneos de alergia e/ou as IgE específicas no sangue (análises para alergia) que permitem não só diagnosticar a doença, como identificar os seus alergénios causadores.
Por vezes, os testes e análises acima referidos podem ter resultados negativos para rinite alérgica mas, mesmo assim, a pessoa sofrer desta doença.
Nestes casos, denomina-se de rinite alérgica local. Os seus sintomas e tratamento são idênticos aos da rinite alérgica.
Tratamento
O tratamento da rinite alérgica passa, essencialmente, pelo controlo da sua sintomatologia. Assim, dois dos passos principais são limpar regularmente as fossas nasais com soro fisiológico ou solução salina intranasal e evitar ou reduzir ao máximo a exposição ao alergénio ou aos alergénios causadores das crises.
Além disso, a rinite alérgica pode ainda ser controlada por meio de terapêutica medicamentosa, nomeadamente, através da toma de:
- anti-inflamatórios: os corticóides e os antileucotrienos intranasais permitem controlar a inflamação;
- anti-histamínicos: orais ou tópicos, idealmente não sedativos;
- imunoterapia específica com alergénios, através de vacinas antialérgicas;
- descongestionantes (ainda que esporadicamente).
Há ainda outras precauções particulares que devem ser tomadas, tendo em conta o tipo de alergénio desencadeador da crise. Eis alguns exemplos:
Alergia aos ácaros do pó
- Arejar bem e diariamente a casa;
- Evitar tapetes, alcatifas, peluches, livros e todos os objetos que acumulem, facilmente, pó;
- Aspirar bem e regularmente o chão e o colchão;
- Lavar, semanalmente, os lençóis da cama, a uma temperatura superior a 60ºC.
Alergia aos pólens
- Consultar os boletins polínicos;
- Evitar atividades ao ar livre, em dias em que os níveis de pólen estão elevados;
- Usar óculos de sol, quando se está ao ar livre.
Rinite alérgica e asma
A rinite alérgica constitui um fator de risco para o aparecimento de uma outra doença: a asma.
Os números evidenciam isso mesmo, uma vez que 40% dos doentes com rinite alérgica desenvolve asma e 80% dos doentes asmáticos desenvolve rinite alérgica.
Uma rinite alérgica moderada a grave não só aumenta a probabilidade de ter asma, como eleva o risco de desenvolver um quadro asmático grave e pouco responsivo à terapêutica farmacológica.