Post Image

Como iniciar a diversificação alimentar do bebé: guia completo

Diversificação alimentar: esclarecemos todas as dúvidas

Antes de falar de diversificação alimentar propriamente dita, importa explicar qual o tipo de alimentação recomendada para o bebé, até ele chegar a esta fase.

De acordo com autoridades e entidades credíveis nesta matéria, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a European Society for Paediatric Gastroenterology Hepatology and Nutrition e a Comissão de Nutrição da Sociedade Portuguesa de Pediatria, até aos 6 meses, o lactente pode ser exclusivamente amamentado.

Caso isso não seja possível, em exclusivo ou mesmo de todo, a alimentação do bebé deve continuar a ser somente láctea, complementando ou substituindo o leite materno por fórmulas infantis, concebidas e preparadas para o efeito.


Quando iniciar a diversificação alimentar

A partir dos 6 meses pode, então, iniciar-se a diversificação alimentar, de preferência - e sempre que possível - combinada com a amamentação.

Quando o lactente completa meio ano de vida, ele passa a precisar de uma alimentação mais variada e rica, que melhor responda às suas exigências energéticas e lhe dê micronutrientes, como vitaminas do complexo B, zinco, ferro, entre outros.

Ao mesmo tempo que se introduzem novos alimentos na dieta, deve diminuir-se a ingestão de produtos lácteos, como o leite, principalmente se for de fórmula. Assim, entre os 6 e os 12 meses de vida, o bebé não deve consumir mais de 500-700 ml de produtos de origem láctea (leite, iogurte, queijo), por dia, sob pena de enfrentar problemas de excesso de peso ou de obesidade.


Principais etapas


1ª ETAPA: 6 MESES (OU 4 MESES EM CRIANÇAS NÃO AMAMENTADAS)

Os primeiros alimentos introduzidos podem ser fruta, papa ou sopa/creme de legumes. Muitas vezes, os pediatras aconselham a que se comece a diversificação alimentar do bebé com a sopa, porque, normalmente, os outros alimentos são mais bem aceites pelas crianças. É ainda reforçado que não devem ser oferecidos alimentos processados, nem com adição de açúcar ou sal.

Creme de legumes

A sopa deve ter a textura de um creme (tornando-se, gradualmente, mais granulosa) e não deve possuir mais de 4 legumes. De preferência, ela deve conjugar: 1 legume “base” (por exemplo, batata) + 1 legume rico em betacarotenos (por exemplo, cenoura) + 1 legume rico em antioxidantes (por exemplo, alho-francês) + 1 legume com folhas (por exemplo, couve coração).

Papa

A papa deve ser de cereais e pode ser láctea ou não láctea, isto é, preparada com água ou leite (de fórmula ou materno), respetivamente.

Fruta

Quanto à fruta, entre os 6 e os 12 meses de vida, a criança não deve comer mais do que 2 peças de fruta por dia. A fruta deve ser da época (numa fase inicial, maçã, pêra ou banana), crua, ralada e servida nas refeições principais, depois do creme de legumes, por exemplo.

A partir dos 7 a 8 meses de idade, dependendo da evolução da criança, é importante começar a oferecer-lhe legumes e frutas menos ralados, de modo a que o bebé se comece a habituar às diferentes texturas.

Proteína animal (não láctea)

A partir dos 6 meses de vida, o bebé também precisa de uma fonte de ferro heme, a qual vai encontrar na proteína animal.

Nesta fase, pode começar por dar ao lactente 30g de carne ou de peixe (por exemplo, pescada) por dia. Idealmente, a criança deve consumir carne 4 vezes por semana e peixe 3 vezes por semana.

Nesta etapa, deve privilegiar as carnes de aves (frango, peru, avestruz) ou de coelho, pois têm menos ferro e menor teor de gordura saturada.

Inicialmente, inclua a carne ou o peixe no creme de legumes, na açorda ou na farinha de pau. Depois dos 7 meses, pode combinar a proteína com arroz, massa ou cuscuz.

Água

Se até aos 6 meses de vida do bebé, a ingestão de água através do leite materno ou do leite de fórmula é suficiente, a partir do meio ano é importante incentivar a criança a bebê-la, inclusive entre refeições.


2ª ETAPA: ENTRE OS 7 E OS 12 MESES

Leguminosas

Entre os 7 e os 8 meses de idade, é importante começar a oferecer à criança pequenas porções de leguminosas, como lentilhas ou feijão frade, branco ou preto.

Iogurte

Entre os 8 e os 9 meses de idade, o bebé pode experimentar o iogurte, de preferência natural, sem aroma e sem natas. Ele deve substituir outro produto lácteo, como a papa ou o leite.

Ovo

Aos 9 meses, deve ser introduzida a gema de ovo cozida, em substituição da proteína animal e como forma de despistar eventuais alergias.

Primeiramente, deve ser oferecida ½ gema; depois, 1 gema inteira; e, finalmente, o ovo inteiro (gema+clara). A criança não deve consumir mais de 3 ovos por semana.

Frutos oleaginosos

Também aos 9 meses, pode dar a experimentar ao bebé frutos como noz, amêndoa, amendoim, sementes oleaginosas, entre outros.Também neste caso é importante estar atento a eventuais alergias, assim como ao risco de engasgamento.

Peixe gordo

A partir dos 10 meses, pode substituir a pescada por peixes mais gordos, como a sardinha ou a cavala, por exemplo, nunca excedendo os 30g de proteína animal diários.

Se a criança já aderir bem aos sólidos, pode retirar a proteína animal da sopa e oferecê-la acompanhada por um hidrato como o arroz ou a massa.


3ª ETAPA: APÓS OS 12 MESES

Se até este momento tudo tiver decorrido com normalidade, a partir do primeiro ano de vida, a criança pode ser integrada na dieta familiar que deve ser saudável e equilibrada.

Nesta etapa, é importante oferecer uma alimentação rica e variada, de modo a que o bebé conheça o maior número de sabores e de texturas possível. É ainda importante servir porções adequadas à idade e ao tamanho da criança. Além disso, não devem ser excedidas as 3 refeições principais por dia (pequeno-almoço, almoço e jantar), acrescidas de dois lanches (meio da manhã e meio da tarde).


Alguns cuidados a ter

Não se devem oferecer alimentos sólidos ao bebé, antes dos 4 meses de idade, nomeadamente, devido à imaturidade do seu sistema gastrointestinal.

Porém, também não deve optar por uma diversificação alimentar tardia, pois isso eleva o risco de surgirem dificuldades na alimentação, problemas nutricionais e alergias alimentares na criança.

Alimentos não recomendados

Até aos 12 meses de vida da criança, apenas lhe devem ser dados alimentos que façam parte da Roda dos Alimentos. Estão ainda absolutamente desaconselhados:

  • produtos processados;
  • sal;
  • açúcar;
  • mel;
  • bebidas açucaradas;
  • chás;
  • leite de vaca.

Alimentos alergénicos

Os ingredientes que oferecem maior risco de alergia devem ser introduzidos na alimentação do bebé gradualmente, em pequenas quantidades e sempre sob supervisão, de modo a detetar possíveis reações.

Entre esses alimentos estão: o amendoim, os frutos oleaginosos, as sementes oleaginosas, o ovo, a soja, o peixe e o marisco.