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Covid-19: cuidados essenciais a ter com crianças

Quando se começou a saber mais sobre esta pandemia de COVID-19, cedo se percebeu que, ao contrário do que acontece em muitas outras patologias, as crianças não fazem parte dos grupos de risco desta doença.

Além da taxa de letalidade do novo coronavírus nestas idades ser pouco significativa, muitos dos pacientes mais jovens infetados pelo SARS-CoV-2 apresentam-se assintomáticos. Assim, em vez de assumirem o papel das principais vítimas desta patologia, os mais novos são, muitas vezes, o transmissor silencioso (porque assintomático) do vírus.

Isso faz com que haja, necessariamente, cuidados a ter com as crianças, até porque todos sabemos que as medidas de prevenção do contágio, como distanciamento social, etiqueta respiratória ou higienização das mãos nem sempre combinam com o espírito irrequieto e explorador dos mais pequenos. Isso levanta muitas questões junto dos pais, educadores e sociedade em geral, particularmente no momento em que as creches vão reabrir…


Principais cuidados a ter com as crianças no desconfinamento

O facto dos mais novos não estarem incluídos nos grupos de risco da Covid-19 não significa que não haja cuidados a ter com as crianças, pois se a maioria não sofre quadros severos com esta infeção, também “não há regra, sem exceção”, o que significa que existem casos em que o cenário pode ser mais complexo do que o esperado.

Além disso, há crianças que já carregam consigo problemas de saúde, muitas vezes crónicos (diabetes, por exemplo), que podem complicar o desenvolvimento de uma doença como esta. Assim, para proteção dos mais novos e de quem os rodeia, há mesmo precauções e medidas a tomar que pais e educadores devem ter em conta.


O antes e o depois do confinamento

Até ao momento, a Direção-Geral da Saúde apostou em muito material e comunicação dirigida às crianças, durante o período de isolamento. Como se alimentarem; como passarem o tempo de maneira lúdica e didática; como perceberem o que era o coronavírus; como lidarem com a doença/infeção de alguém próximo; quais as medidas de prevenção do contágio a adotar por todos.

Esses ensinamentos terão sido de grande valor para ajudar os mais pequenos a lidar com algo completamente novo e, até, assustador para eles. Porém, a verdade é que esses hábitos e rotinas foram postos em prática no circuito fechado da casa de cada um, estando as crianças rodeadas pelos familiares mais próximos e, na maioria dos casos, sem restrições de tocar, abraçar ou beijar todos à sua volta.

O desconfinamento conduz ao exercício de “voltar a pôr as crianças na rua”, em contacto com o mundo, que estão na idade de explorar e com os familiares e, sobretudo, amigos que há muito não vêem. Porém, é preciso explicar-lhes que as sensações e emoções que vão experimentar terão de ser vivenciadas de forma diferente do “antigamente”, com mais contenção e, principalmente, com a palavra de ordem: distanciamento. Mas será isto possível?


Reabertura das creches

Com a chegada da segunda fase do plano de desconfinamento, reabrem a 18 de maio as creches. Ficando “adiada” para a terceira fase deste plano (01 de junho) a reabertura do pré-escolar e dos ATL’s.

No plano de desconfinamento do governo, é feita a ressalva de que o “regresso” das crianças às creches é opcional, uma vez que o pai/mãe tem a possibilidade de pedir o prolongamento do apoio à família. Além disso, é ainda mencionado que, enquanto nas escolas o uso de máscara será obrigatório, o mesmo não acontecerá com as crianças em creches e jardins de infância.

Contudo, isso não significa que não haja cuidados a ter com as crianças nestas idades e, por isso mesmo, a 13 de maio, a Direção-Geral da Saúde divulgou as Medidas de Prevenção e Controlo em Creches, Creches familiares e Amas que, em seguida, iremos analisar.


Medidas de Prevenção e Controlo em Creches, Creches familiares e Amas (DGS)

Logo numa fase introdutória, a Direção-Geral da Saúde assume a maior dificuldade que as crianças deste grupo etário têm em aderir às medidas preventivas do contágio pelo novo coronavírus. Assim, o potencial de transmissibilidade de SARS-CoV-2 nas creches, creches familiares e amas é uma realidade, que deve ser evitada ao máximo, através da implementação de medidas de prevenção e controlo de infeção específicas.

Entre as várias diretrizes indicadas pela Direção-Geral da Saúde, destacam-se as seguintes medidas gerais:

  • reduzir o número de crianças por sala, maximizando o distanciamento entre mesas,
  • berços e/ou espreguiçadeiras;
  • determinar salas e grupos fixos, de modo a evitar o contacto com muitas pessoas;
  • reorganizar horários e circuitos, de maneira a evitar o cruzamento entre diferentes funcionários e crianças;
  • entregar e receber a criança à entrada da creche, de maneira a que o encarregado de educação não entre no estabelecimento;
  • garantir a ventilação e arejamento das salas e espaços;
  • evitar a partilha de brinquedos e outros objetos;
  • assegurar a lavagem e desinfeção frequente dos brinquedos e espaços;
  • procurar que as crianças não partilhem e usem sempre as mesmas cadeiras, espreguiçadeiras, catre/colchões,...;
  • reforçar o sistema de limpeza e desinfeção;
  • uso de máscara cirúrgica, por parte dos funcionários;
  • lavar bem e frequentemente as mãos das crianças.

Pelo que podemos depreender destas medidas, os cuidados a ter com as crianças devem centrar-se mais nos espaços que elas frequentam, do que nelas propriamente ditas, uma vez que a capacidade de controlar os seus movimentos e impulsos e de lhes explicar os riscos e a facilidade de transmissão de um vírus tão altamente contagioso é muito difícil.


Máscaras para crianças: sim ou não?

Também muitos são os pais com dúvidas quanto à obrigatoriedade ou não das crianças usarem máscara. Apesar da Direção-Geral da Saúde e, mesmo, a Organização Mundial da Saúde serem um pouco omissas em relação a este tópico, o que podemos concluir das indicações do plano de desconfinamento do governo (2) é que, pelo menos as crianças até aos 6 anos de idade (creche e jardim de infância) não terão de usar máscara.

Esta posição corrobora o Centers for Disease Control and Prevention que desaconselha a colocação de máscara em crianças com menos de 2 anos de idade.

Efetivamente, como já sabemos, a máscara só surte efeito se estiver bem ajustada à cara (tapando todo o nariz e a boca), algo que pode ser mais difícil no rosto dos mais novos. Além disso, sabe-se que o risco de contágio aumenta se tocarmos na máscara com as mãos, algo que é altamente provável nos mais pequeninos.


Cuidados a ter com as crianças ao sair e ao regressar a casa

Ao sair de casa, as crianças devem:

  • usar camisolas de manga comprida;
  • apanhar o cabelo (ou evitar que ele vá para a frente da cara, para a criança não levar a mão ao rosto);
  • praticar a etiqueta respiratória, espirrando e tossindo para um lenço descartável ou para a prega interna do cotovelo;
  • respeitar o distanciamento social aconselhado de cerca de 2 metros;
  • não tocar na cara (boca, olhos ou nariz);
  • evitar que a criança transporte na mão objetos desnecessários, como peluches ou outros brinquedos.

Ao regressar a casa, as crianças devem:

  • descalçar-se e deixar os sapatos e outros objetos que trouxeram do exterior na entrada de casa ou numa zona ao ar livre que exista no domicílio;
  • lavar (se necessário com a ajuda de um adulto) bem as mãos, seguindo as instruções da Direção-Geral da Saúde, não descurando os dedos, os espaços entre eles e toda a região que contacta com um objeto, quando se segura algum;
  • despir-se e colocarem toda essa roupa num saco fechado para, depois, ela ser lavada na máquina de lavar roupa a uma - temperatura de 60ºC;
  • tomar banho.