As diferenças entre as vacinas contra a Covid-19
No nosso país, o processo de vacinação contra a Covid-19 teve início a 27 de dezembro de 2020. Apesar de altamente recomendada pelas autoridades de saúde, a toma destas vacinas não é obrigatória em Portugal, porém, hoje explicamos-lhe algumas diferenças entre as vacinas contra a Covid-19.
Neste momento, no nosso país, podem ser administradas vacinas de seis empresas farmacêuticas, nomeadamente: AstraZeneca; BioNTech/Pfizer; Moderna; Curevac; Janssen; Sanofi/GSK. Contudo, atualmente, estão apenas a ser usadas três vacinas com esquema vacinal de duas doses (Comirnaty®; Spikevax®, anteriormente designada de Covid-19 Vaccine Moderna®; e VAXZEVRIA®, anteriormente designada de Covid-19 Vaccine AstraZeneca) e uma vacina de dose única (Covid-19 Vaccine Janssen®).
A importância da vacinação
Antes de falar sobre as diferenças entre as vacinas da Covid-19, importa explicar a importância da vacinação, sobretudo neste contexto pandémico.
A vacinação contra a Covid-19 tem como finalidade diminuir o risco de contrair o vírus e evitar o desenvolvimento de doença grave e os efeitos decorrentes dessa situação, como a mortalidade, por exemplo.
Assim, além de menos óbitos, há menos surtos, menos complicações de saúde em doentes de risco e menos internamentos hospitalares e, como tal, uma menor pressão sobre o serviço nacional de saúde. Deste modo, segundo as autoridades de saúde, as vacinas contra a Covid-19 são um dos principais meios de controlar a pandemia.
Contudo, há que ter em conta que, mesmo após ter o esquema vacinal completo, é essencial continuar a cumprir todas as medidas para a prevenção e controlo da transmissão do vírus. Isto porque mesmo os vacinados podem ser portadores do vírus, ainda que estejam assintomáticos. Além disso, convém explicar que a imunização só está garantida uma a duas semanas após o esquema vacinal estar completo.
Diferenças entre as vacinas da Covid-19
Atualmente, há mais de 200 vacinas a serem desenvolvidas, das quais mais de 90 já se encontram na fase de ensaios clínicos em humanos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, além das quatro autorizadas, três já estão em processo de avaliação pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
As vacinas administradas em Portugal, além da aprovação da Agência Europeia do Medicamento, também foram validadas pelo INFARMED, enquanto autoridade reguladora do medicamento.
Para já, não é possível considerar que uma vacina seja melhor do que outra, até porque as suas principais diferenças assentam no modo como elas induzem a aquisição de imunidade.
4 categorias de vacinas
As vacinas podem ser classificadas em quatro categorias principais:
- Vacinas virais: usam uma forma inativada ou enfraquecida do vírus, que induz uma resposta imunitária;
- Vacinas com vetores virais: utilizam um vírus geneticamente modificado para administrar ácidos nucleicos que disseminem as proteínas do vírus no organismo, de modo a contribuir para a produção de anticorpos;
- Vacinas de ácidos nucleicos (RNA ou DNA): recorrem ao ácido nucleico geneticamente modificado para disseminar no organismo uma proteína que induz uma resposta imunitária;
- Vacinas à base de proteínas: ou seja, utilizam proteínas ou péptidos que mimetizam o vírus e induzem resposta imunitária.
Modo de atuação das vacinas
Assim, existem vacinas que atuam de maneira tradicional, ou seja, usam componentes do vírus para que o sistema imunológico as reconheça como substâncias estranhas e, desse modo, desenvolva anticorpos contra elas.
Por outro lado, existem também vacinas à base de ácidos nucleicos, que têm por base moléculas que transportam informação que permite ao nosso organismo fabricar um componente do vírus, o qual consequentemente vai fazer com que o nosso sistema imunológico crie anticorpos.
Efeitos secundários das vacinas contra a Covid-19
Mesmo sendo seguras, as vacinas contra a Covid-19, à semelhança de tantas outras vacinas, podem ter efeitos secundários. Alguns dos mais comuns são ligeiros, desaparecem, no máximo, em três dias, e são:
- Reação no local da injeção;
- Dor de cabeça;
- Dores musculares ou das articulações;
- Febre;
- Sensação de cansaço;
- Enjoos;
- Diarreia;
- Mal-estar geral.
Em casos mais raros, podem surgir efeitos mais graves e persistentes que carecem de avaliação médica, como é o caso de:
- Falta de ar;
- Dor tóracica;
- Inchaço nas pernas;
- Dor abdominal persistente;
- Dores de cabeça intensas e que se prolongam por mais de três dias;
- Alterações da visão;
- Pontos vermelhos;
- Manchas na pele que não na zona da vacina.
Eficácia das vacinas da Covid-19
Comirnaty®
A vacina da BioNTech/Pfizer está autorizada pela Comissão Europeia desde 21 de dezembro de 2020 e deve ser tomada em duas doses, com 19 a 28 dias de intervalo entre elas.
Usa a tecnologia de RNA Mensageiro, introduzindo nas células do organismo a sequência de RNA mensageiro, que contém as informações para que essas células produzam uma proteína específica do vírus, e possui uma eficácia de 95%, no que diz respeito à redução de casos sintomáticos de infeção pelo novo coronavírus, sobretudo em idosos.
Também já foi aprovada para crianças a partir dos 12 anos de idade, mostrando-se muito eficaz na prevenção da doença nesta faixa etária. Contudo, a vacinação das crianças desta idade ainda não está a decorrer em Portugal, está ainda em estudo.
Para ser conservada durante mais de cinco dias, precisa de estar armazenada a temperaturas entre os 70ºC e os 75ºC negativos.
Spikevax® (anteriormente designada de Covid-19 Vaccine Moderna®)
A vacina da Moderna está autorizada pela Comissão Europeia desde 06 de janeiro de 2021 e deve ser tomada em duas doses, com 25 a 28 dias de intervalo entre elas.
Usa a tecnologia de RNA Mensageiro tal como especificada anteriormente e a sua eficácia ronda os 94,10% na prevenção dos sintomas da Covi-19, existindo dados preliminares que indicam que pode mesmo impedir a infeção.
Esta vacina pode ser armazenada em frigoríficos comuns, a uma temperatura entre os 2ºC e os 8ºC, durante cerca de um mês. No congelador, a 20ºC negativos, conserva-se por meio ano.
VAXZEVRIA® (anteriormente designada de Covid-19 Vaccine AstraZeneca)
A vacina da AstraZeneca está autorizada pela Comissão Europeia desde 29 de janeiro de 2021 e deve ser tomada em duas doses, com 21 dias a oito semanas de intervalo entre elas.
É uma vacina vetorial, que recorre a tecnologia de vetor não replicante e que tem uma eficácia de 60%. Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde recomenda que esta vacina seja apenas administrada a indivíduos com 60 ou mais anos de idade, em virtude da possível ligação entre a administração desta vacina, e a ocorrência de eventos trombóticos em pacientes jovens. Contudo, o risco é baixo.
Pode armazenar-se no frigorífico a temperaturas entre os 2ºC e o 8ºC, durante cerca de seis meses. Assim, o seu transporte, distribuição e conservação torna-se mais fácil.
Covid-19 Vaccine Janssen®
A vacina da Janssen/J&J está autorizada pela Comissão Europeia desde 11 de março de 2021 e só é necessária a administração de uma dose. A sua eficácia ronda os 85%, cerca de 28 dias após a sua toma.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde recomenda a administração desta vacina apenas a homens com 18 ou mais anos de idade e a mulheres com 50 ou mais anos de idade.
Certificado digital de vacinação
O certificado digital de vacinação pode ser requerido pelos utentes que já tenham, há pelo menos 14 dias, o seu esquema vacinal completo, com todas as doses previstas pelas vacinas que forem, nesse momento, administradas em Portugal.
O pedido do certificado é gratuito e opcional, servindo essencialmente como um meio de facilitar o acesso e a circulação em certos espaços ou territórios.
Ele pode ser usado em todos os Estados-Membros da União Europeia, na Islândia, no Liechtenstein, na Noruega e na Suíça.
Atualmente, em Portugal, ele permite o acesso:
- A eventos de natureza cultural, desportiva, corporativa ou familiar, designadamente casamentos e batizados;
- Livre circulação pelo território nacional continental;
- A estabelecimentos de turismo ou a alojamento local;
- A restaurantes para refeições no interior, às sextas-feiras a partir das 19h00, ao fim-de-semana e aos feriados, nos concelhos de risco elevado e muito elevado.
Assim, quem for portador deste certificado não necessita de fazer um teste à Covid-19 para poder entrar nos espaços mencionados acima.
Como obter
O Certificado Digital de Vacinação pode ser obtido através do portal do SNS 24 ou recebido nos endereços de correio eletrónico do Registo Nacional de Utentes e do Registo de Saúde Eletrónico.
Para saber como obter o certificado, siga o passo a passo:
- Aceda ao portal do SNS e selecione o certificado de vacinação;
- Insira a sua data de nascimento e número de utente;
- Clique em “submeter”. Irá receber um SMS e email com um código de acesso;
- Clique na opção “Inserir” e introduza o código de acesso que lhe foi enviado;
- Aguarda, enquanto o seu pedido é analisado;
- Assim que seja validado, o seu certificado ficará disponível no portal, podendo ainda ser enviado para o email que indicar.
- Fontes
- SNS. Vacina COVID-19. Consultado a 23.07.2021
- SNS. Certificado Digital COVID da UE. Consultado a 23.07.2021
- Deco Proteste. Vacinas contra a covid-19: esclareça dúvidas. Consultado a 23.07.2021
- Associação Portuguesa de Doentes com Imunodeficiências Primárias. Conheça as vacinas contra a COVID-19. Consultado a 23.07.2021