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O que é a aterosclerose: sintomas e tratamento

A aterosclerose é uma doença cardiovascular degenerativa crónica, que provoca lesões nas artérias devido à acumulação de lípidos (colesterol e outros elementos de gordura) nas suas paredes, desencadeando um processo inflamatório.

Trata-se de uma doença com elevada prevalência na população e que está, em grande parte, relacionada com comportamentos e estilos de vida menos saudáveis ao longo da nossa vivência diária.

Um regime alimentar rico em gorduras e calorias, pouca ou nenhuma atividade física (sedentarismo), tabagismo e consumo de sal são alguns dos "ingredientes" que contribuem para o desenvolvimento de aterosclerose.

A acumulação de lípidos nas artérias faz com que estas percam elasticidade. À medida que as chamadas placas de aterosclerose crescem, as artérias vão ficando mais estreitas.

A doença é de evolução lenta, com a acumulação das placas a prolongar-se durante anos ou décadas. A qualquer momento, um evento agudo pode originar o seu rompimento, proporcionando o contacto das substâncias presentes no interior da placa aterosclerótica com o sangue.

Quando isso acontece, esse material desencadeia a coagulação do sangue. A consequência é a obstrução total e súbita do vaso sanguíneo, interrompendo o fluxo do sangue, o que leva a um ataque cardíaco ou a um acidente vascular cerebral (AVC).

Por vezes, os coágulos de sangue desprendem-se, viajando através da corrente sanguínea até bloquear uma artéria noutras partes do corpo. Da mesma forma, pedaços da placa aterosclerótica podem libertar-se e acabar por bloquear uma artéria noutros locais.


Consequências da aterosclerose

Sintomas

A aterosclerose não costuma produzir quaisquer sintomas, até que ocorra um estreitamento acentuado (mais de 70%) ou a obstrução de uma ou mais artérias.

Daí que os sintomas dependam, por um lado, de onde a artéria afetada está localizada e, por outro, da artéria ter sido estreitada gradualmente ou bloqueada subitamente.

Quando o estreitamento é gradual, o primeiro sintoma pode ser dor ou cãibra nos momentos em que o fluxo de sangue não é suficiente para satisfazer a necessidade de oxigénio dos tecidos.

Alguns exemplos:

  • Durante a prática de exercício físico, a pessoa pode sentir dor ou desconforto no tórax (angina) se o fornecimento de sangue ao coração for insuficiente. Esta dor desaparece em minutos quando o esforço é interrompido.
  • Enquanto caminha, a pessoa pode sentir cãibras nas pernas se o fornecimento de sangue para os músculos locais não for o necessário.
  • Se as artérias que fornecem sangue a um ou ambos os rins sofrerem um estreitamento, pode ocorrer insuficiência renal ou pressão arterial perigosamente elevada.

Quando o bloqueio arterial é súbito, os sintomas podem ser um ataque cardíaco se as artérias que irrigam o coração (coronárias) forem bloqueadas repentinamente.

Caso a obstrução ocorra em artérias que irrigam o cérebro, o resultado pode ser um AVC.

Se forem as artérias das pernas a ficarem obstruídas, a consequência pode ser isquemia (falta de irrigação) num pé, num dedo do pé ou na perna.


Fatores de risco

Os fatores de risco para a aterosclerose podem ser divididos em modificáveis (sobre os quais podemos ter intervenção) e não modificáveis.

Entre os fatores modificáveis estão os seguintes:

  • Tabaco;
  • Níveis altos de colesterol no sangue;
  • Hipertensão arterial;
  • Diabetes;
  • Obesidade;
  • Sedentarismo;
  • Baixo consumo diário de frutas e legumes.

Destes, o fator de risco mais importante é o tabagismo, pois faz diminuir o nível do chamado "colesterol bom" (HDL) e aumentar o "colesterol mau" (LDL).

Por outro lado, faz aumentar a quantidade de monóxido de carbono no sangue, o que pode elevar o risco de lesão no revestimento das paredes das artérias, diminuindo ainda mais a quantidade de sangue que chega aos tecidos.

Além disso, o consumo de tabaco aumenta a tendência para a coagulação do sangue.

Porém, as pessoas que deixam de fumar reduzem de imediato o risco de aterosclerose para metade das que continuam a fumar, independentemente, de quanto tempo foram fumadoras antes da paragem.

Os fatores de risco não modificáveis incluem:

  • História familiar de aterosclerose precoce (um parente próximo, do sexo masculino, que desenvolveu a doença antes dos 55 anos, ou do sexo feminino, que desenvolveu a doença antes dos 65 anos).
  • Idade avançada.
  • Sexo masculino.

Diagnóstico

O diagnóstico da aterosclerose envolve a avaliação dos sintomas e a realização de exames laboratoriais e imagiológicos.

As análises ao sangue permitem pesquisar fatores de risco para a doença, enquanto os exames imagiológicos servem para detetar a presença de placas ateroscleróticas.

As pessoas que apresentam sintomas sugestivos de uma artéria bloqueada devem realizar um exame médico rigoroso para identificar a localização e extensão do eventual bloqueio.

Às pessoas que não apresentam sintomas, mas têm fatores de risco, os médicos costumam solicitar análises ao sangue para medir os níveis de glicose, colesterol e triglicéridos.

Os exames variam conforme o órgão afetado. Por exemplo, se a suspeita recai no coração, é habitual a realização de um eletrocardiograma, análises ao sangue para a verificação da presença de substâncias que indicam lesão cardíaca (marcadores de necrose do miocárdio).

Nalguns casos pode ser solicitado um teste de esforço ou um cateterismo cardíaco.


Tratamento

Tratar a aterosclerose é uma tarefa para toda a vida. Não existe, propriamente, um tratamento que a cure, porque não é possível dissolver as placas de gordura depois de estas se formarem.

A prevenção é, por isso, a forma mais eficaz de atuar, controlando ou eliminando os fatores de risco.

Nalguns casos é possível a utilização, por exemplo, de medicamentos vasodilatadores que permitem limitar as repercussões das placas ateroscleróticas.

Quando a aterosclerose se torna grave o suficiente para causar complicações, estas devem ser tratadas. Entre elas estão as seguintes:

  • Angina (dor temporária no peito ou sensação de pressão torácica);
  • Ataque cardíaco;
  • Arritmias cardíacas;
  • Insuficiência cardíaca;
  • Doença renal crónica;
  • AVC.
  • Claudicação na marcha (dor nos gêmeos após caminhar poucos metros);
  • Úlceras nos membros inferiores.

Prevenção

A prevenção da aterosclerose é extremamente importante, pois estamos a falar de uma das principais causas de muitas das doenças mais graves e potencialmente fatais da sociedade moderna.

Com exceção da idade, sexo e predisposição genética, é possível eliminar todos os restantes fatores de risco.

Alguns conselhos de prevenção:

  • Deixar de fumar;
  • Controlar a hipertensão arterial,diabetes e dislipidemias;
  • Alimentação saudável (evitar o sal, o açúcar e as gorduras em excesso);
  • Exercício físico regular e moderado;
  • Evitar o stress.