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DPOC: o que é a doença pulmonar obstrutiva crónica

A doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) é uma patologia respiratória que dificulta a respiração e evolui de forma lenta e progressiva.

Os doentes com DPOC têm dificuldade em expulsar o ar dos pulmões. Uma situação que provoca tosse e falta de ar.

Os fumadores são os mais afetados por esta doença, já que fumar tabaco é a principal causa.

A idade e o género são fatores predominantes nesta doença, que aparece mais em idades tardias, geralmente depois dos 40 anos, e nos homens.


Compreender a DPOC

Causas

Fumar cigarros é a principal causa da DPOC. Outras causas frequentes são fumar charutos ou cachimbo de tabaco e inspirar vapores químicos, poeira, poluição ou fumo denso.

Pode, ainda, existir uma predisposição genética para esta doença, traduzida num histórico familiar de DPOC.

Há ainda outros fatores de risco, embora de menor importância. Entre eles estão o baixo peso corporal, as doenças respiratórias na infância, a exposição passiva ao fumo do tabaco, a poluição do ar e a exposição ocupacional (por exemplo, ao pó de mineral ou de algodão).


Sintomas habituais

A DPOC instala-se de forma lenta e progressiva, levando anos a desenvolver-se.

As primeiras manifestações da doença não são alarmantes. Isto faz com que, frequentemente, os sintomas sejam desvalorizados até à primeira crise a sério.

Entre os 40 e os 50 anos de idade, os sintomas podem ser os seguintes:

  • Tosse leve com expetoração transparente (muco dos pulmões);
  • Falta de ar ao fazer exercícios e ao movimentar-se.

Aos 60 anos, a DPOC pode manifestar-se através de:

  • Maior dificuldade em respirar;
  • Pneumonia e outras infeções pulmonares que podem exigir internamento hospitalar;
  • Perda de peso;
  • Dor de cabeça pela manhã;
  • Inchaço nas pernas;
  • Tosse com sangue.

Quando a pessoa tem DPOC há já algum tempo, pode aperceber-se de algumas situações como as seguintes:

  • Tórax está maior por causa do peso do ar nos pulmões;
  • Pele com tonalidade azul devido à diminuição de oxigénio no sangue;
  • Falta de ar, mesmo quando não está a fazer nada.

Sintomas de exacerbações

Uma característica fundamental da DPOC são os períodos de sintomas agravados, chamados exacerbações. Estas podem ser desencadeadas por infeções ou pela exposição a níveis elevados de poluição do ar ou ao pólen.

O doente deve consultar o médico com urgência se tiver os seguintes sintomas:

  • Tosse com uma expetoração mais amarela ou esverdeada;
  • Falta de ar em repouso;
  • Febre ou dor no corpo.

Uma exacerbação mais grave pode provocar níveis demasiado baixos de oxigénio no sangue (insuficiência respiratória aguda). A pessoa deve, por isso, ir imediatamente a uma urgência hospitalar se tiver os seguintes sintomas:

  • Falta de ar intensa (como se estivesse a afogar-se);
  • Ansiedade ou confusão;
  • Sudorese (suor excessivo);
  • Pele azulada.

Comorbilidades

Os doentes com DPOC sofrem, frequentemente, de outras doenças (comorbilidades), que podem partilhar fatores de risco idênticos, como o tabagismo, e contribuem para o seu agravamento.

As doenças mais frequentes que ocorrem juntamente com a DPOC são as seguintes:

  • Doença cardíaca;
  • Ansiedade e depressão;
  • Osteoporose;
  • Refluxo Gastroesofágico;
  • Disfunção musculoesquelética;
  • Anemia;
  • Cancro do Pulmão;
  • Diabetes;
  • Síndrome metabólica.

Diagnóstico

O diagnóstico de DPOC é feito com base nos sintomas apresentados e através da realização de um teste de espirometria, que permite medir a quantidade de ar nos pulmões e a rapidez com que a pessoa consegue expirar.

Se a quantidade de ar que a pessoa expira for baixa, isso pode indicar o estreitamento das vias respiratórias e o início da DPOC.

Além disso, podem ser solicitados os seguintes exames: radiografia ao tórax, um exame ao sangue (para apurar se a DPOC é hereditária) e um eletrocardiograma ou ecocardiograma para saber se a falta de ar se deve a algum problema de coração.


Tratamento

A DPOC não tem tratamento, pois não é possível corrigir os danos nos pulmões e nas vias aéreas.

No entanto, embora não exista cura, é possível adotar medidas que permitem aliviar o impacto dos sintomas na qualidade de vida do doente. Eis alguns exemplos:

  • Deixar de fumar;
  • Reduzir a exposição a agentes irritantes no ar (fumo de tabaco, poluição do ar e pólen);
  • Evitar as infeções respiratórias através da vacinação contra infeções bacterianas e contra a gripe;
  • Tomar medicamentos inaladores broncodilatadores para combater a falta de ar e o cansaço fácil;
  • Ter uma alimentação equilibrada;
  • Reduzir o peso excessivo.

Os doentes com obstrução grave das vias aéreas e exacerbações frequentes podem ser tratados com corticosteroides inalados e orais.

Nas situações mais graves será necessária a utilização de oxigénio por pequenos períodos, durante as exacerbações.

Quando há insuficiência respiratória contínua, pode ser preciso usar oxigénio permanentemente e, nesse caso, realizar oxigenoterapia pelo menos durante 16 horas por dia.


Reabilitação Respiratória

A Reabilitação Respiratória é muito importante para os doentes com DPOC.

Trata-se de uma intervenção integrada, que visa melhorar a respiração da pessoa, a sua capacidade para realizar as atividades da vida diária e de viver com a doença.

Esta intervenção visa melhorar os aspetos físicos e psicológicos do doente, designadamente, trabalhando os seguintes aspetos:

  • Promoção do exercício físico (suave e com supervisão);
  • Promoção de uma alimentação correta;
  • Ajuda à cessação tabágica;
  • Vacinação para prevenir as infeções respiratórias provocadas por vírus e bactérias;
  • Oxigenoterapia de longa duração e/ou ventilação não invasiva.

A Reabilitação Respiratória pode ser realizada em contexto hospitalar ou na comunidade, nomeadamente, em centros de saúde, clínicas ou no domicílio do doente.