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Doenças reumáticas: o que são e como afetam a sua vida

O termo doenças reumáticas diz respeito a um conjunto de doenças que afetam, sobretudo, os ossos, as articulações e as estruturas periarticulares (músculos, tendões, ligamentos, etc.). Podem, também, atingir diversos órgãos, como o coração, pulmões, tubo digestivo e os rins.

As doenças reumáticas são as mais frequentes no mundo, o primeiro motivo de consulta médica e, ainda, a primeira causa de incapacidade no trabalho.

A mais prevalecente é a osteoporose.

Um grande número de doenças reumáticas não tem cura, mas tem tratamento mais eficaz do que a maioria das doenças crónicas incuráveis. Para que isso seja possível é, no entanto, muito importante uma deteção precoce.


Doenças reumáticas e suas implicações

Impacto

Ao contrário da terminologia comum, o reumatismo não existe. O que existe são doenças reumáticas.

Em Portugal, as doenças reumáticas têm uma prevalência de 56%. Elas são responsáveis por 40 a 60% das situações de incapacidade física prolongada e perda de autonomia, 43% do absentismo no trabalho e 35-41% das reformas antecipadas devido a doença.

As doenças reumáticas e músculo-esqueléticas são as principais causas de faltas ao emprego devido a doença e de reforma antecipada em todo o mundo. Só na União Europeia, calcula-se que afete mais de 120 milhões de pessoas, o que corresponde a um quarto da população.

O impacto económico das doenças reumáticas para os sistemas de saúde da generalidade dos países é extremamente elevado, pois não só são as doenças mais caras de diagnosticar e tratar, como também contribuem bastante para a diminuição da produtividade.

Além destes custos, quando comparadas com outros doentes crónicos, as pessoas com doenças reumáticas e músculo-esqueléticas relatam pior qualidade de vida.


A lista das doenças reumáticas é muito vasta

Em termos gerais, trata-se de doenças inflamatórias, infeciosas, metabólicas, degenerativas e outras que afetam os ossos, as articulações e as estruturas periarticulares de um modo agudo, subagudo ou crónico.

Entre as doenças reumáticas mais frequentes, destacam-se as seguintes:


Artrite Reumatóide

Doença inflamatória crónica, de causa desconhecida, que afeta as articulações, mas também pode atingir qualquer órgão e provocar uma grande variedade de sintomas.

Não sendo a sua causa direta, os fatores psicológicos podem precipitar o aparecimento desta doença, que provoca uma desregulação do sistema imunitário.

Os sintomas mais comuns são a rigidez matinal, a dor e a tumefação (aumento ou inchaço) nas articulações.

Apesar de não ter cura, a deteção precoce da doença é decisiva para o sucesso do tratamento. Este é, contudo, um processo que leva algum tempo e exige paciência por parte do doente.


Lúpus Eritematoso Sistémico (LES)

Doença inflamatória do tecido conjuntivo e de causa desconhecida, que atinge vários aparelhos e sistemas, frequentemente, acompanhada por eritema da pele.

Entre os vários sintomas possíveis, estão os seguintes (entre outros):

  • aparecimento de lesão em fase, denominada eritema malar que afeta as bochechas e as asas do nariz, desenhando na face uma espécie de borboleta;
  • lesão cutânea, que pode evoluir para a descamação e atrofia da pele mais característica do subtipo Lúpus Discoide;
  • fotossensibilidade cutânea, que torna a pele vermelha quando em contacto com o sol, mesmo que muito breve;
  • pequenas feridas na boca (úlceras orais e nasais);
  • dores e inflamação ao nível das articulações sem destruição óssea ou articular;
  • inflamação – por vezes com líquido – serosite da pleura ou do pericárdio;
  • aparecimento de proteína ou albumina na urina das 24 horas superior a 500mg;
  • alterações neurológicas, como convulsões ou psicoses;
  • anomalias no sangue;

Para fins diagnósticos, segundo o Colégio Americano Reumatologia, considera-se diagnóstico de LES quando surgem, pelo menos, 4 das manifestações clínicas mencionadas anteriormente.

Entre outras medidas, estes doentes devem seguir uma dieta equilibrada em proteínas, gorduras, hidratos de carbono e sais minerais. Fazer períodos de repouso ao longo do dia. Praticar exercício para fortalecimento muscular e combate ao humor depressivo.


Espondilartrite Anquilosante

É uma doença reumática crónica, de caratér inflamatório, que pode conduzir a uma limitação dos movimentos da coluna pela fusão óssea nas vértebras. Habitualmente tem início entre os 15 e os 30 anos, sendo a sua causa desconhecida.

Os principais sintomas podem ser: as lombalgias, dorsalgias (dor na coluna dorsal), dor ciática, rigidez da coluna vertebral (mais intensa de manhã), dores nos calcanhares, tendinites (sobretudo no tendão de Aquiles) e inflamações nas articulações dos membros inferiores (anca, joelhos e tornozelos).

O tratamento baseia-se em três pontos essenciais: recomendações gerais, medicamentos e exercícios físicos criteriosamente selecionados.


Gota Úrica

Doença provocada por uma predisposição para o excesso de ácido úrico no sangue. Causa crises muito dolorosas, normalmente, localizadas ao nível do dedo grande do pé, acompanhadas por sinais inflamatórios, como inchaço, sensação de calor e rubor nas articulações.

Pode acometer outras articulações, como o joelho, a tibiotársica (tornozelo = e a mediotársica (peito do pé)), mas geralmente atingem apenas uma articulação.

As crises agudas tratam-se com repouso, frio (gelo) sobre a articulação envolvida e colchicina ou anti-inflamatórios não esteroides.

Durante toda a vida, para controlar a doença, o doente deve tomar medicamentos hipouricemiantes prescritos pelo médico, além de cuidados alimentares. Já é conhecido que a ingestão excessiva de carne, gorduras animais e de bebidas alcoólicas podem precipitar crises de gota.


Osteoartrose

É a doença mais frequente dos seres humanos. Atinge, sobretudo, as cartilagens das articulações e, embora afete ambos os sexos, tem um ligeiro predomínio entre as mulheres depois dos 50 anos de idade.

Na população portuguesa, a osteoartrose atinge -, sobretudo, a coluna vertebral, em particular as zonas cervical e lombar, os joelhos, as articulações das mãos e a base do dedo grande do pé.

A sua causa é desconhecida. Os principais sintomas são a dor, rigidez, limitação dos movimentos e, nos casos mais avançados, as deformações.

O tratamento da osteoartrose baseia-se na correção dos defeitos posturais, implicando, em muitos casos, ginástica corretiva da coluna vertebral. O repouso frequente, que não necessita de ser muito longo, é fundamental para estes doentes. Bem como a execução de exercícios diários prescritos pelo médico sob controlo de um fisioterapeuta.

Os medicamentos utilizados são, normalmente, os analgésicos, anti-inflamatórios não esteroides, protetores de cartilagem articular e relaxantes musculares.


Osteoporose

A osteoporose é a doença óssea mais frequente e atinge, essencialmente, os idosos e as mulheres, sobretudo após a menopausa. Tem várias causas possíveis, podendo estar associada a fatores hormonais (osteoporose de tipo I, pós-menopáusica) ou ao envelhecimento (tipo II), que atinge homens e mulheres com mais de 70 anos e se deve à diminuição da absorção intestinal de cálcio.

Os principais sintomas da osteoporose são as dores, as deformações ósseas e as fraturas.

Para evitar a doença é importante a prática desportiva desde a juventude, sobretudo para as raparigas, o consumo de 1 a 1,5 litros de leite magro por dia e desaconselhar o consumo excessivo de proteínas, álcool e café. Após a menopausa, as mulheres devem utilizar suplementos de cálcio.

Na osteoporose associada ao envelhecimento, é importante o reforço da vitamina D, existindo ainda medicamentos que contribuem para o tratamento.

Entre a população idosa, devem ser tomadas medidas para evitar as fraturas devido às quedas. Entre elas, eliminar o excesso de mobiliário em casa, os tapetes e as carpetes, bem como, por exemplo, utilizar antiderrapantes nas banheiras.


Fibromialgia

A fibromialgia é uma doença crónica que interfere com o sistema de controlo da dor e que afeta mais mulheres e é mais frequente com o avançar da idade.

Caracteriza-se por dor musculoesquelética difusa e crónica, que não melhora com o repouso, e dor à apalpação de uma série de pontos específicos do corpo conhecidos pelos médicos.

Não existe uma causa conhecida para a fibromialgia, podendo dever-se a perturbações do sistema nervoso, do estado psíquico, do sono e do músculo.

Torna-se essencial excluir outras causas de dor crónica, uma vez que a fibromialgia é um diagnóstico de exclusão.

O frio, a humidade, a ansiedade, a excitação e a tensão psíquica agravam a fibromialgia. Pelo contrário, o calor seco e as férias ajudam a aliviar os sintomas.

Não existe um tratamento específico, sendo importante o apoio psicológico do doente com fibromialgia, a prática de exercícios aeróbicos de fortalecimento muscular precedidos da aplicação de calor, a manutenção do corpo quente, a termoterapia, massagem e exercícios de estiramento e aumento da amplitude dos movimentos.

Normalmente neste tipo de situações são utilizados medicamentos como, por exemplo, a amitriptilina (antidepressivo) em pequenas doses, um relaxante muscular e, quando existe uma depressão associada, também são associados fármacos como a fluoxetina e o alprazolam.

Quando a dor é forte, costumam ser prescritos analgésicos potentes e anti-inflamatórios não esteroides.