Post Image

Escoliose: como travar este problema?

A escoliose é uma curva tridimensional e anormal da coluna que é vista mais acentuadamente no plano frontal. Quando essa curva passa de 10 graus na medida realizada no Raio X, então, é considerada como escoliose.

As pessoas que padecem deste problema podem apresentar curvaturas da coluna para os lados – e, também, uma rotação das vértebras – que resultam, frequentemente, em assimetrias nos ombros ou na cintura.


Escoliose: o ABC

Numa radiografia, a escoliose pode ser observada quando a coluna vertebral parece ter a forma de um "S" ou de um "C", em vez da linha reta normal.

Existem vários tipos de escoliose: congénita, neuromuscular, idiopática (causa não conhecida) e são classificadas de acordo com o tamanho e local da curva. A escoliose idiopática é a mais comum e normalmente notada no período da adolescência.

Este problema pode afetar pessoas de qualquer idade, desde bebés a adultos, mas habitualmente tem início entre os 10 e os 15 anos. É, aliás, a deformidade espinal mais comum no grupo das crianças em idade escolar.

Com um tratamento adequado é possível melhorar a escoliose, embora nem sempre seja necessário e, na maioria dos casos, não tem impacto em termos de saúde.


Sintomas

Os sintomas da escoliose podem variar muito, dependendo da gravidade das curvaturas da coluna vertebral.

Uma escoliose ligeira não costuma apresentar sintomas. No entanto, nalguns casos ela pode manifestar-se das seguintes formas:

  • Um ombro mais elevado do que o outro (ombros desalinhados);
  • Um dos lados do quadril mais elevado do que o outro (cintura não uniforme);
  • Ambas as omoplatas podem sobressair;
  • A cabeça não está centrada por cima da pélvis;
  • Assimetria entre as alturas da caixa torácica em ambos os lados;
  • Alterações na aparência ou textura da pele sobre a coluna vertebral (covinhas, manchas peludas, ou anomalias de cor);
  • Todo o corpo inclina-se para um dos lados;
  • Dor nas costas, que pode variar entre leve a intensa.

Quando a escoliose é grave, pode causar:

  • Dor permanente nas costas;
  • Incapacidade para manter uma postura direita em pé;
  • Dor nas pernas, dormência e/ou fraqueza, ou pressão nos nervos da coluna lombar;
  • Perda de altura, nos adultos;
  • Disfunção do intestino ou da bexiga em casos especialmente graves;
  • Dificuldade em respirar (acontece quando a caixa torácica está a pressionar os pulmões);
  • Danos nos órgãos internos.

Tipos e Causas de Escoliose

A escoliose pode ser dividida em diferentes tipos:

  • Idiopática
    É o tipo mais comum e não tem uma causa específica, representando cerca de 80 por cento dos casos de escoliose pediátrica. Normalmente notada no período da adolescência;
  • Degenerativa
    É também muito comum, afetando sobretudo pessoas acima dos 60 anos de idade. A causa está relacionada com uma degeneração discal assimétrica da coluna ao longo do tempo. Tende a afetar, sobretudo, a região lombar. Pode provocar dores nas costas (incluindo dor ciática), dificuldades em manter-se em pé e interferir com a marcha.
  • Congénita
    Ocorre quando a coluna vertebral não se desenvolve adequadamente no útero. Inclui malformações como hemivértebra (uma vértebra que não se formou), falha de segmentação (quando partes da coluna vertebral são fundidas) e fusão das costelas.
  • Neuromuscular
    É provocada por perturbações no cérebro, da medula espinal e do sistema muscular. Isto acontece em casos como os de paralisia cerebral, atrofia muscular espinal, Síndrome de Angelman e Malformação Arnold-Chiari (ou trauma da medula espinal).
  • Toracogénica
    Acontece quando se verifica um desenvolvimento assimétrico da coluna vertebral devido ao tratamento por radiação de tumores infantis, ou cirurgia para tratar uma deficiência cardíaca congénita.
  • Sindrómica
    É uma escoliose que se desenvolve como parte de uma síndrome ou desordem subjacente. Por exemplo: problemas do sistema muscular (distrofia muscular, poliomielite, artrogripose ou espinha bífida) e doenças do tecido conjuntivo.

Tratamento

Como em muitos outros problemas de saúde, quanto mais cedo a escoliose for tratada, melhor será a qualidade de vida da pessoa.

No entanto, o tratamento não é necessário em grande parte dos casos e apenas um pequeno número precisará ou da utilização de coletes (órteses) ou de uma cirurgia à coluna vertebral.

De qualquer forma, a decisão de tratamento deverá ser sempre tomada por um médico especialista em ortopedia, após a realização de exames específicos. Entre eles, é habitualmente necessário um raio X e, num número muito menor de casos, uma ressonância magnética.

O tipo de tratamento depende da idade, da severidade da curvatura da coluna e da probabilidade de vir a piorar com o tempo, devendo ser individualizada, considerando também a etiologia da escoliose.

  • Bebés e crianças pequenas
    Podem não necessitar de tratamento, uma vez que a curvatura na coluna costuma melhorar com o tempo. Quando isso é preciso, existem as seguintes possibilidades: uso de colete (em geral, indicado em curvatura acima de 25 a 30 graus em crianças que estiverem em fase de crescimento), aplicação de colete em gesso (colocado sob anestesia geral) ou uso de halo craniano (coroa de metal presa à cabeça através de múltiplos pinos e aplicada sob anestesia geral).
  • Crianças mais velhas
    Podem ter de usar uma cinta até terminar o seu crescimento, de forma a impedir que a escoliose se agrave. Em alguns é necessária uma cirurgia para controlar o crescimento da coluna vertebral. Isto até que seja possível uma nova intervenção cirúrgica para endireitar a coluna quando pararem de crescer.
  • Adultos
    Podem precisar de tratamento para aliviar as dores, tais como analgésicos e injeções na coluna vertebral. Muito ocasionalmente, poderá ser necessária uma cirurgia.

Os pacientes com escoliose neuromuscular que sofrem um paralisia cerebral ou distrofia muscular, por exemplo, costumam ter tratamento diferenciado. Nestes casos, geralmente, o objetivo da cirurgia é permitir que a criança se sente corretamente na cadeira de rodas.

No geral, existe ainda a possibilidade da fisioterapia, que pode incluir exercícios terapêuticos, de educação biomecânica (correção de postura, etc.), terapia aquática, entre outros métodos.

Finalmente, o exercício físico é útil para a saúde em geral e não deve ser evitado, a menos que tal seja aconselhado pelo médico.

Por norma, são recomendados exercícios de reforço muscular e alongamento do chamado "core" (grupos musculares da zona abdominal e lombar), bem como a realização de atividades de baixo impacto, incluindo natação, bicicleta e máquina elítica.

A possibilidade da corrida e outros exercícios de maior impacto depende, essencialmente, da presença (ou não) de dor.