Tudo o que deve saber sobre a hipertensão arterial
A pressão arterial diz respeito à força com que o sangue circula no interior das artérias. Assim, existe hipertensão arterial, quando essa pressão é demasiado elevada.
Há dois valores de pressão arterial a considerar: a sistólica ("máxima"), que está associada ao momento em que o coração contrai, enviando o sangue para todo o corpo; e a diastólica ("mínima"), relacionada com o momento em que o coração “relaxa” para tornar a ficar cheio de sangue. Fique a saber mais sobre este tema.
Hipertensão arterial: fique a saber tudo
Os estudos estimam que, na Europa, 30% a 45% da população tenha hipertensão arterial. Em Portugal, há aproximadamente 2 milhões de hipertensos, dos quais apenas 50% sabe que sofre desta condição; só 25% está medicado; e apenas 11% tem a sua pressão arterial realmente controlada.
Para ser diagnosticado como hipertenso, é necessário que o indivíduo tenha, em mais do que um momento, os valores da pressão arterial iguais ou superiores a 140/90mmHg. Quem tiver, normalmente, valores entre 130-139mmHg de PA sistólica e/ou 85-89mmHg de PA diastólica, apresenta valores normais-altos, o que significa que possui um maior risco de vir a sofrer de hipertensão arterial.
A hipertensão arterial classifica-se, ainda, por graus que ajudam a determinar a sua gravidade e qual a abordagem clínica mais adequada.
Sintomas
A princípio, a hipertensão arterial pode passar facilmente despercebida, sem dar quaisquer sinais. Porém, com a progressão desta condição, pode sentir:
- cefaleias;
- tonturas;
- hemorragias nasais;
- mal-estar difuso;
- visão desfocada;
- dor no peito ou sensação de falta de ar.
Causas
Em cerca de 90% das situações, a hipertensão arterial não tem uma origem identificada (hipertensão arterial primária).
Em alguns casos, ela pode ser provocada por uma determinada doença ou condição (sendo chamada de hipertensão arterial secundária).
Algumas dessas situações ou patologias podem ser: a apneia do sono, a doença renal crónica, a síndrome de Cushing, o feocromocitoma, o hiperaldosteronismo primário, a coartação da aorta, a doença tiroideia e paratiroideia, a hipertensão renovascular, os contracetivos orais e a gravidez.
Outros fatores (ambientais e genéticos) a considerar são, ainda: a obesidade, o sedentarismo, o stress, o tabagismo, o álcool, uma dieta com muito sal, a hereditariedade e a idade. Por isso, as pessoas mais velhas e/ou obesas têm mais tendência a apresentar hipertensão arterial.
Consequências
A hipertensão arterial eleva o risco de morte ou do desenvolvimento de certas doenças, nomeadamente: insuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais (AVC), enfarte do miocárdio (ataque cardadíaco), insuficiência renal, perda gradual da visão, esclerose das artérias, entre outras.
A pressão arterial elevada é mesmo capaz de danificar os vasos sanguíneos e/ou órgãos vitais, como o cérebro, o coração ou os rins. Isso deve-se à pressão exercida pelo sangue nas artérias, o que faz com que o coração se tenha de esforçar mais para fazer o sangue circular.
Hipertrofia do coração
Esta circunstância leva, muitas vezes, ao aumento da massa muscular e do volume do coração (hipertrofia). Mais tarde, esta situação pode resultar em insuficiência coronária/cardíaca, angina de peito ou arritmia.
Deterioração das paredes das artérias
Ao mesmo tempo, a deterioração das paredes das artérias eleva o risco de aterosclerose e trombose, através da formação de coágulos.
Em quadros mais severos, pode haver lugar a aneurismas e hemorragias cerebrais, dado o enfraquecimento das paredes das artérias.
Pode ainda ocorrer a deterioração dos vasos renais, que pode evoluir para doença renal crónica, e em casos avançados e não controlados, existir necessidade de hemodiálise.
Diagnóstico
O diagnóstico da hipertensão arterial é realizado através da medição dos valores da pressão arterial e pela constatação de que os mesmos estão acima do limite normal, isto de forma recorrente e continuada (crónica). É normal a pressão arterial de uma pessoa subir devido a um esforço físico ou a um momento de stress, sem isso fazer da pessoa hipertensa.
Para uma avaliação rigorosa, o indivíduo deve beneficiar de:
- pelo menos duas medições de pressão arterial aumentadas, em dois momentos distintos;
- um profissional habilitado para fazer essas medições;
- um esfigmomanómetro calibrado e validado e uma braçadeira adequada ao tamanho do braço.
Como medir a tensão arterial em casa?
Após o diagnóstico, se tiver de medir a sua tensão arterial em casa, para efeitos de controlo, siga os seguintes conselhos:
- escolha um sítio tranquilo e com temperatura amena;
- descanse 15 minutos, antes da medição;
- evite ingerir, 30 minutos antes da medição, substâncias estimulantes, como café, álcool ou tabaco;
- não tenha vestidas roupas apertadas;
- apoie o braço “da medição” à altura do coração;
- repita a medição 2 ou 3 vezes e, depois, faça a média, registando o dia, a hora e os níveis, em que a realizou.
Tratamento
O tratamento ou controlo da hipertensão pode conhecer duas fases, dependendo da gravidade da doença.
Num primeiro momento, sugere-se um tratamento sem fármacos, “só” com a alteração de certos hábitos de vida pouco saudáveis, recomendado-se:
- restringir o sal (até 5g de sal por dia, mais ou menos uma colher de chá rasa);
- consumir frutas, legumes e saladas;
- fazer exercício físico (30 a 60 minutos por dia, quatro a sete dias por semana);
- não beber álcool;
- deixar de fumar;
- reduzir o stress;
- perder peso (em caso de excesso, claro).
Numa segunda etapa, passa-se para o tratamento com fármacos, prescritos pelo médico, de acordo com as características e necessidades do doente.
Prevenção
Embora, como vimos, a hipertensão arterial possa ter uma origem desconhecida ou hereditária, por exemplo, ter um estilo de vida saudável pode evitar o surgimento desta patologia.
Além disso, o seu diagnóstico e acompanhamento precoces são essenciais para prevenir o aparecimento de outras doenças ou complicações de saúde.
O que deve, então, fazer para prevenir ou controlar a sua hipertensão arterial?
- Medir a pressão arterial regularmente: como a hipertensão nem sempre dá sinais, deve controlar os níveis da pressão arterial com frequência. Um adulto saudável deve medi-la cerca de uma vez por ano; enquanto obesos, diabéticos, fumadores ou pessoas com antecedentes familiares de doença cardiovascular devem fazer estas medições com maior regularidade.
- Fazer exercício físico moderado: praticar uma atividade física regularmente pode ajudar a uma descida significativa dos níveis da pressão arterial. Os exercícios mais recomendados são a natação, a marcha, a corrida ou a dança. Por outro lado, devem evitar esforços físicos como levantar pesos ou empurrar objetos pesados.
- Comer de forma saudável e evitar o sal: substitua o sal por ervas aromáticas ou sumo de limão. Evite, igualmente, enchidos, enlatados, comidas pré-preparadas, aperitivos, águas minerais com gás e bebidas alcoólicas.
Cuide bem da sua saúde e mantenha-se ativo!