Post Image

O que é o Lúpus e como pode tratar este problema

O Lúpus Eritematoso Sistémico (LES) é uma doença inflamatória crónica, de natureza autoimune, que pode afetar a pele, articulações, rins, pulmões, sistema nervoso e vários outros órgãos.

Na origem do Lúpus está uma reação desadequada do sistema imunológico, cujos anticorpos produzidos, em vez de combaterem doenças, vão atacar células dos tecidos e órgãos do próprio corpo. Esta situação pode provocar complicações sérias e, nos casos mais graves (e raros), causar a morte.

O Lúpus pode surgir em qualquer idade, incluindo crianças ou indivíduos com mais de 65 anos, mas é mais frequente em mulheres jovens, sobretudo entre os 16 e os 49 anos. Esta doença é também mais frequente em africanos, asiáticos e hispânicos.

As mulheres são, aliás, o grupo mais afetado por Lúpus, já que nove em cada 10 doentes são do sexo feminino.

Na maioria dos doentes, a doença afeta apenas a pele e articulações, sendo de fácil controlo e sem impacto significativo no seu futuro. No entanto, a sobrevida e a qualidade de vida do doente variam consoante a gravidade da doença. Daí a importância da vigilância e do cumprimento rigoroso das terapêuticas de forma regular.

O Lúpus não é uma doença contagiosa nem hereditária. Existem, porém, alguns fatores genéticos – ainda não totalmente comprovados – que podem contribuir para uma maior predisposição.


Compreender o Lúpus

Sintomas

Existem quatro grupos, dos quais, os principais são:

  • Cutâneo (ou discoide), que se manifesta por manchas na pele, normalmente avermelhadas ou eritematosas. Estas manchas surgem sobretudo em áreas mais facilmente expostas à luz solar, como o rosto, orelhas, decote e braços.
  • Sistémico, que envolve um ou mais órgãos.

O Lúpus manifesta-se de muitas formas, pelo que nem sempre é fácil ser identificado. Os sintomas podem ser ligeiros ou intensos, temporários ou permanentes, afetando principalmente:

  • Articulações;
  • Pele;
  • Células e vasos sanguíneos;
  • Membranas serosas (pericárdio e pleura);
  • Rins;
  • Sistema Nervoso.

Os sinais e sintomas da presença de Lúpus são:

  • Febre;
  • Manchas na pele;
  • Nariz e maçãs do rosto vermelhas, formando uma imagem semelhante às asas de uma borboleta;
  • Sensibilidade à luz solar;
  • Pequenas feridas na boca e no nariz (aftose);
  • Dor nas articulações;
  • Fadiga, cansaço, mal-estar;
  • Dificuldade em respirar;
  • Palpitações;
  • Tosse seca;
  • Cefaleias (dores de cabeça);
  • Convulsões;
  • Depressão, ansiedade;
  • Alterações nas células do sangue.

Estas queixas podem surgir isoladamente ou em conjunto. As manifestações mais comuns são fadiga, febre, emagrecimento, perda de apetite, sensibilidade fácil da pele à exposição solar e às lesões na pele e articulações (dores/inchaço).

Os doentes com Lúpus podem alternar entre períodos de maior atividade da doença e períodos sem qualquer sintoma (que podem durar semanas, meses ou anos).


Causas

O Lúpus é uma doença de causa desconhecida. Admite-se, porém, que na sua origem estejam envolvidos simultaneamente vários fatores: genéticos, hormonais, imunológicos e ambientais.

A exposição solar parece ter um papel crucial no despontar da doença e também no desencadear dos períodos de maior atividade.


Diagnóstico

O diagnóstico de Lúpus nem sempre é fácil, devido à grande variedade de sintomas que são, também, típicos de outras doenças semelhantes. Não existe nenhum teste específico da LES.

Deve ser, por isso, realizado por um médico experiente e passa pelo reconhecimento dos sinais e sintomas caraterísticos de Lúpus, associados aos resultados de uma série de exames laboratoriais, associados a critérios diagnósticos predefinidos.


Tratamento

Idealmente, uma doença de longa duração e com as caraterísticas do Lúpus deve envolver o acompanhamento por uma equipa multidisciplinar que integre:

  • Médico de Família;
  • Reumatologista;
  • Dermatologista;
  • Oftalmologista;
  • Nefrologista;
  • Psicólogo;
  • Fisiatra.

Na maioria dos doentes, o tratamento minimiza ou resolve os sintomas, reduzindo a inflamação e ajudando a restabelecer as funções do organismo que estejam comprometidas.

Além disso, uma série de outras medidas e cuidados pode ajudar reduzir o risco de maior atividade ou agravamento da doença.

Os medicamentos habitualmente utilizados incluem:

  • Corticosteroides (cortisona);
  • Antimaláricos;
  • Imunossupressores (azatioprina, metrotexato, ciclofosfamida e micofenolato de mofetil).

Para os doentes com Lúpus é, também, muito importante o uso de fotoprotetores cutâneos que devem ser aplicados em todas as áreas expostas à luz solar.


Prevenção

Não há forma de prevenir o surgimento de Lúpus. No entanto, é possível a prevenção dos picos ou do agravamento da doença através da adoção de uma série de cuidados.

Eis alguns exemplos:

  • Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
  • Não fumar;
  • Evitar a exposição ao sol, mesmo usando um protetor;
  • Não tomar contracetivos orais sem aconselhamento médico;
  • Não tomar vacinas vivas (como a vacina oral da poliomielite ou da febre amarela, por exemplo);
  • Planear a gravidez de acordo com as recomendações médicas e num período de inatividade da doença;
  • Praticar exercício físico nos períodos de inatividade da doença;
  • Administrar os gastos energéticos para lidar melhor com a fadiga, diminuindo ou parando as tarefas antes de estar cansada;
  • Pensar que o cansaço faz parte da doença e não se culpabilizar por isso;
  • Fazer caminhadas ao ar livre, sem pressa, em locais tranquilos e agradáveis;
  • Evitar o isolamento, procurando estar na companhia de pessoas positivas e otimistas;
  • Selecionar passatempos que não sejam stressantes, que desviem a atenção da doença;
  • Aprender a usar maquilhagem para camuflar as erupções na pele.