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Azia: como atenuar esta sensação de desconforto

Azia: tudo o que precisa de saber

A azia ou pirose é um sintoma esofágico bastante frequente. É muito comum senti-lo após as refeições, durante o exercício físico ou enquanto se está deitado ou reclinado.

De um modo geral, a azia pode ser descrita como um desconforto ou uma sensação de ardor atrás do esterno (retro-esternal), sensação que irradia para as regiões do epigástrio e do pescoço. O alívio deste sintoma pode ser feito com a ingestão de um pouco de água ou de um antiácido.

Apesar da azia estar, muitas vezes, associada a um problema de refluxo (ácido ou alcalino) gastroesofágico, é importante compreender as caraterísticas deste sintoma, uma vez que pode ser atribuído a outras patologias digestivas ou mesmo a patologia cardíaca.


O que é

Como já dissemos, mais do que um problema de saúde, a azia é um sintoma que pode estar associado a várias patologias esofágicas ou gástricas, como a doença do refluxo gastroesofágico ou a dispepsia (má digestão), por exemplo.

Aproximadamente 30% da população portuguesa sofre de dificuldades digestivas. Um em cada 5 portugueses regista frequentemente sintomas como dor ou desconforto abdominal, sensação de enfartamento, eructações, vómitos, perda de apetite e azia.


Sintomas

A sensação de azia pode estender-se do esterno até à garganta e prolongar-se durante minutos ou mesmo horas. Este sintoma carateriza-se por um ardor e irritação provocados pelo refluxo anormal do estômago para o esófago.

Em casos mais persistentes, a azia pode estar associada a um quadro de tosse crónica.

O não tratamento da doença do refluxo gastroesofágico persistente pode conduzir a lesões da mucosa do esófago, tais como esofagite (inflamação do esófago), hemorragia, estenoses com dificuldade na deglutição, bem como alterações celulares, que com o decorrer de anos, podem progredir para cancro do esófago.


Causas e fatores de risco

A azia surge quando os alimentos ou as secreções do estômago regressam ao esófago, causando a tal sensação de ardor e de irritação. Algumas das razões possíveis para esse refluxo são hérnia do hiato; esofagite; produção excessiva de ácido gástrico; cálculos na vesícula; uma refeição mais farta; adoção de uma posição corporal deitada ou inclinada, sobretudo depois de comer.

Há, ainda, outros fatores de risco que podem agravar este problema, como é o caso: da gravidez, do stress e do tabagismo. Os bebés, principalmente até ao primeiro ano de vida, também podem sofrer de refluxo gastroesofágico, o qual pode, em alguns casos, levar a infeções e a distúrbios respiratórios.

Além disso, existem alimentos e bebidas capazes de potenciar o refluxo causador de azia, nomeadamente: o café, o chá, o álcool, as bebidas gaseificadas, os citrinos, o tomate, o chocolate, a menta, a cebola e todos os alimentos picantes, gordurosos, ácidos e muito condimentados.

Também há medicamentos que podem piorar este sintoma, particularmente: a aspirina, o ibuprofeno, os anti-hipertensores e alguns sedativos.

Tipos de azia

Em função da sua origem, podem ser definidos diferentes tipos de azia, a saber:

  • Azia funcional: azia sem causa determinada;
  • Acidez “alérgica”: azia provocada por uma sensibilidade especial do estômago a certos alimentos;
  • Acidez por fatores externos: azia provocada pela toma de um medicamento, por exemplo;
  • Acidez psíquica: azia causada por stress ou depressão;
  • Acidez orgânica: azia associada a doença ou lesão do aparelho digestivo.

Tratamento

Após o diagnóstico deste problema, há vários medicamentos que o médico pode receitar para tratar e aliviar a sensação de azia.

Esses fármacos podem ser antiácidos, bloqueadores dos recetores H2, procinéticos e inibidores da bomba de protões.

Estes medicamentos são capazes de diminuir ou neutralizar a secreção de ácido do estômago e, assim, aliviar o desconforto.

No entanto, estes fármacos não evitam o refluxo gastroesofágico nem previnem a eventual progressão para cancro do esófago. Em doentes selecionados pode estar indicada uma intervenção cirúrgica, nomeadamente, a cirurgia antirefluxo, que irá reforçar a porção terminal do esófago e assim impedir o refluxo anormal do estômago para o esófago.


Prevenção

Há ainda medidas não farmacológicas que podem ser adotadas para evitar ou mesmo combater a azia. Algumas dessas medidas são:

  • não comer duas a três horas antes de ir dormir;
  • mastigar bem os alimentos;
  • beber 1,5l de água por dia;
  • consumir alimentos antiácidos, como o chá verde e as bananas;
  • elevar, ligeiramente, a cabeceira da cama;
  • evitar longos períodos de jejum;
  • não fumar;
  • não ter excesso de peso;
  • não comer excessivamente;
  • não comer alimentos que potenciam a azia;
  • não vestir roupas muito apertadas.

A azia na gravidez

A azia é um sintoma particularmente comum entre as grávidas, podendo constituir um incómodo bastante frequente ao longo da gestação.

Neste caso, as suas causas mais comuns são os níveis crescentes da hormona progesterona; a motilidade gastroesofágica, intestinal e da vesícula; e a menor tonicidade dos esfíncteres, nomeadamente, do esfíncter gastroesofágico. Tudo isto contribui para um maior refluxo do ácido gástrico e consequente azia, durante a gravidez.

O aumento crescente dos níveis de progesterona, assim como o aumento do útero, pode ainda explicar o porquê da azia se tornar mais recorrente à medida que a gestação avança.

As formas de tratamento, alívio e prevenção deste problema são idênticas às enumeradas anteriormente, sendo que a gestante não deve tomar qualquer medicamento para combater a azia sem antes consultar o médico que a acompanha.