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Febre: o que é, quais as causas e tratamentos

Embora as interpretações divirjam um pouco no que diz respeito ao valor a partir do qual pode considerar-se que uma pessoa tem febre, é mais ou menos assente que ter febre significa ter uma temperatura corporal acima dos 37,8º C, se medida na axila, ou 38,2º C, se medida no reto.


Temperatura normal e febre

A temperatura corporal normal num adulto encontra-se, habitualmente, entre os 36 e os 37º C, dependendo este valor da pessoa, da altura do dia, da temperatura do ar, da atividade que está a desempenhar no momento e, até, da parte do corpo em que a temperatura é avaliada.

No site SNS 24, a definição de febre é, aliás, um pouco distinta das habituais, não fixando o valor a partir do qual se considera haver febre, mas falando antes na “subida da temperatura de, pelo menos, um grau acima da média da temperatura habitual da pessoa.”


Como medir a temperatura

Parecendo algo básico, a medição da temperatura, nomeadamente, quando se trata de crianças pequenas, deve obedecer a alguns cuidados.

Assim, há várias opções para fazer a medição da temperatura:

  • Retal: é o método ideal para crianças com menos de três anos, podendo ser usado desde o nascimento do bebé. Com a criança deitada de costas, deve introduzir-se a ponta do termómetro (cerca de um a dois centímetros) no ânus, após lubrificar a zona. É o método mais rigoroso, no entanto, é menos prático e pode causar algum desconforto.
  • Axilar: não sendo os valores tão precisos como com o método retal, é uma forma mais prática, mas, também, mais demorada. Pode, igualmente, ser usado em bebés com menos de três meses. Coloca-se o termómetro na axila e baixa-se o braço, encostando-o ao corpo.
  • Timpânica: este método só deve ser utilizado em crianças a partir dos três anos, já que, antes desta idade os resultados são menos fiáveis. É um dos métodos mais rápidos e cómodos, mas requer um termómetro próprio que deve ser encostado ao ouvido, junto ao tímpano. A temperatura é mais elevada relativamente à medição feita na axila e está sujeita a variações, nomeadamente entre os dois ouvidos, podendo também ser menos fiável no caso de um excesso de cera ou de uma otite.
  • Oral: trata-se de um método mais preciso que o axilar, mas é menos prático.

Não deve ser usado em crianças antes dos quatro a cinco anos, já que podem ter dificuldade em manter o termómetro na boca pelo tempo necessário para a leitura.

Há, atualmente, termómetros que fazem a leitura na testa, bastando apontar ao local, sem necessidade de encostar. Há, também, uma grande diversidade de termómetros, digitais, de vidro e, até, com tecnologia de infravermelhos, devendo ser utilizados de acordo com as indicações do fabricante e devidamente higienizados.


O que provoca a febre?

Geralmente, a febre é uma resposta normal do organismo a uma infeção por vírus ou bactérias, sendo uma espécie de sinal de alerta para a existência de problemas de saúde. A febre não é uma doença.

Existem, no entanto, outras causas comuns para o surgimento da febre, como estar exposto a uma temperatura ambiente alta, o uso de roupas muito quentes, insolação ou queimadura solar, ou mesmo a prática de exercício físico demasiado intenso para a condição física da pessoa.

A febre pode também resultar de um processo inflamatório, da reação a um medicamento ou vacina, de uma reação alérgica, bem como de distúrbios autoimunes ou cancro, nomeadamente leucemia, linfoma ou cancro nos rins.


Sintomas de febre num adulto

Num adulto, a febre provoca sintomas como: suores, dores de cabeça, arrepios, perda de apetite, dores musculares, desidratação e uma sensação generalizada de fraqueza.

Quando a febre atinge valores muito altos, acima dos 40ºC, pode provocar alucinações, irritabilidade e, mesmo, convulsões.


Quando é necessário recorrer a cuidados médicos?

Como já referimos, a febre não é uma doença e, por si só, não é razão para recorrer ao médico.

No entanto, há alguns sintomas que indicam um quadro de maior gravidade e que obrigam a procurar ajuda médica. São eles:

  • Dor de cabeça intensa que interfere com as atividades diárias;
  • Rigidez no pescoço e dor ao dobrar a cabeça para a frente;
  • Garganta muito inchada;
  • Sensibilidade anormal à luz;
  • Confusão mental;
  • Vómitos persistentes;
  • Dor no peito ou dificuldade em respirar;
  • Manchas na pele;
  • Urina mais escura que o habitual;
  • Irritabilidade ou apatia extrema;
  • Ter viajado recentemente para o estrangeiro.

A existência de outros problemas de saúde, como a diabetes, infeção por VIH, ter feito uma cirurgia ao baço ou ter problemas no fígado, bem como sofrer de insuficiência renal crónica são razões para recorrer ao médico.

O mesmo é válido para quem sofre de insuficiência cardíaca, asma, bronquite crónica, doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), obesidade mórbida, anemia falciforme ou quem está sujeito a tratamentos imunossupressores ou quimioterapia.

Também as pessoas saudáveis cuja febre não passa ao fim de três a cinco dias devem recorrer a um médico.


O que fazer quando uma criança tem febre

Nas crianças, considera-se febre a temperatura retal igual ou superior a 38º C ou a temperatura axilar ou oral igual ou superior a 37,6º C. No caso da temperatura no ouvido, o valor fixa-se nos 37,8º C.

Tendo em atenção que a febre é um sinal de doença e que, portanto, deverá esclarecer-se qual o foco do aumento da temperatura, a febre, por si só, não é razão para procurar cuidados médicos urgentes.

Assim, perante os primeiros sinais de febre na criança, deve:

  • Manter a criança num ambiente não muito quente e vesti-la com roupas frescas e transpiráveis;
  • Dar-lhe líquidos com frequência;
  • Adaptar o vestuário e a roupa da cama à sensação de frio ou de calor;
  • Não insistir para que a criança coma quando não tem apetite;
  • Se a criança está desconfortável deve tomar um antipirético (verificar se não existe alergia ao medicamento e adequar as doses à idade e peso da criança), caso contrário, deverá apenas vigiar os sinais de alerta;
  • A criança não deve ser arrefecida à base de banhos frios ou compressas embebidas em soluções alcoólicas. Estas medidas não são eficazes e provocam desconforto.

Emergência médica

Nas crianças, há situações em que a febre obriga a recorrer com urgência ao hospital.

Deve recorrer ao hospital, se a criança apresentar algum destes sintomas:

  • Tosse rouca e respiração ruidosa;
  • Respiração asmática, com pieira e dificuldade respiratória;
  • Cansaço físico;
  • Corpo invulgarmente quente ou frio;
  • Choro diferente ou por um período pouco usual;
  • Irritabilidade persistente;
  • Gemidos;

Outros sintomas e condições que devem levar a procurar ajuda médica:

  • Criança com menos de três meses de idade;
  • Temperatura axilar superior a 40,0° C ou retal superior a 41,0° C;
  • Sonolência excessiva ou incapacidade em adormecer;
  • Febre com duração superior a cinco dias;
  • Expressão de sofrimento na face ou no olhar;
  • Irritabilidade ou gemido constante;
  • Choro inconsolável;
  • Não tolerância ao colo;
  • Convulsões;
  • Rigidez de nuca;
  • Surgimento de manchas na pele nas primeiras 24 a 48 horas de febre;
  • Respiração rápida com cansaço;
  • Tosse e expetoração esverdeada ou acastanhada;
  • Ter os lábios ou as unhas roxas e/ou tremores intensas e aquando da subida da temperatura;
  • Vómitos repetidos entre refeições;
  • Sede incontrolável;
  • Dificuldade em mobilizar os braços ou as pernas ou alterações na marcha;
  • Urina turva e/ou com mau cheiro.

Medicamentos que ajudam a controlar a febre

Os medicamentos para controlar a febre são os antipiréticos, sendo os mais comuns o paracetamol e o ibuprofeno, sendo que, no caso das crianças, o paracetamol é o mais indicado. No entanto, deve ser sempre consultado um médico antes da toma de medicamentos.

O ácido acetilsalicílico (vulgarmente conhecido como aspirina) é um anti-inflamatório que não deve ser utilizado em crianças com menos de 12 anos.