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Cancro da pele: tudo o que deve saber para evitar este problema de saúde

A pele é um bem precioso. Infelizmente, nem sempre devidamente tratado por causa de sucessivos comportamentos de risco. E isso pode custar muito caro. A pele memoriza as agressões e os excessos de sol, desencadeando alterações graves ao normal equilíbrio de produção celular.

Todos os dias, as células da pele envelhecem, morrem e são substituídas por outras novas. Por vezes, este processo sofre alterações, com a formação de novas células sem que a pele tenha necessidade e sem que as células envelhecidas morram quando deviam. O resultado é um excesso de células, que pode formar uma massa de tecido designada por neoplasia ou tumor.

As neoplasias podem ser benignas (não são cancro) ou malignas (são cancro). Nos casos mais graves, as neoplasias malignas podem provocar a morte.

Os cancros da pele mais frequentes são o Carcinoma Basocelular, o Carcinoma Espinocelular e o Melanoma. Este último é o mais agressivo, e também o que se associa a mais mortalidade.

A deteção precoce desempenha um papel vital, tanto mais que o cancro da pele é uma das formas de cancro mais tratáveis, com uma taxa de cura alta. A verdade, porém, é que a consciência pública dos seus sintomas e da necessidade de prevenção é, ainda, muito baixa.

Saber identificar as alterações na pele que podem significar o início de um cancro é, por isso, fundamental. Além disso, é importante alterar alguns comportamentos para prevenir e reduzir riscos desnecessários.


Tipos de cancro da pele

Melanoma

Em Portugal surgem, anualmente, cerca de 1.000 novos casos de melanoma maligno. Calcula-se que cerca de uma em cada 50 pessoas poderá vir a sofrer deste problema.

O melanoma pode aparecer em qualquer parte do corpo e é a forma mais grave de cancro da pele. É, também, um dos tumores malignos mais agressivos da espécie humana, sobretudo quando não é detetado na sua fase inicial. O diagnóstico precoce é, por isso, fundamental para um tratamento bem-sucedido.

O seu crescimento é, normalmente, muito rápido e, se não tratado a tempo, metastiza até órgãos distantes do nosso corpo e leva à morte. Contudo, quando diagnosticado e tratado precocemente permite taxas de cura superiores a 95%. Quando mais espesso e com atingimento ganglionar a probabilidade de sobrevida ao fim de cinco anos é inferior a 50%.

O melanoma tem início nos chamados melanócitos (células pigmentares), cuja função é produzir melanina, o pigmento que dá à pele a sua cor natural. Quando esta é exposta ao sol, os melanócitos aumentam a produção desse pigmento, fazendo com que a pele escureça e fique bronzeada.

Por vezes, aparecem sinais na pele, que são elevações de grupos de melanócitos e de tecido circundante. Os sinais podem ter colorações distintas, podendo ser rosados, castanho-claros ou escuros, ou serem de uma cor muito similar ao tom natural da pele. Podem também ser achatados ou volumosos. O melanoma surge quando ocorre uma proliferação maligna de um grupo de melanócitos.


Fatores de risco para o desenvolvimento do melanoma

A exposição ao sol é o principal fator de risco, mas ao contrário dos outros tipos de cancro da pele, o melanoma parece estar associado à exposição solar intermitente, aguda e intempestiva.

Eis alguns dos fatores de risco particularmente elevados que deve ter em conta:

  • Teve uma grande exposição ao sol (a trabalhar ou em lazer);
  • Sofreu queimaduras solares na infância;
  • Tem pele clara ou propensão para queimaduras solares (no entanto, o ser moreno e não ficar vermelho não é sinónimo de segurança…);
  • Faz exposições periódicas ao sol (por exemplo, nas férias);
  • Frequenta solários;
  • Tem o cabelo ruivo ou loiro;
  • Tem olhos azuis ou esverdeados;
  • A pele tem tendência para formar sardas;
  • Tem muitos sinais de cor castanha escura, irregulares e espalhados pelo corpo;
  • Tem mais de 50 sinais no corpo;
  • Idade, sendo mais comum em pessoas acima dos 50 anos, embora possa surgir em qualquer fase da vida;
  • Tem uma história familiar de cancro da pele;
  • Foi submetido a um transplante de órgão.

Autoexame: como identificar um melanoma

O diagnóstico precoce é essencial para o tratamento dos cancros da pele. A realização do autoexame é, por isso, indicada como uma das principais medidas que permitem uma deteção em devido tempo.

O aspeto inicial do melanoma é variado, mas habitualmente carateriza-se pelo aparecimento de um pequeno nódulo ou mancha, de cor negra tipo alcatrão, sobre pele aparentemente saudável ou sobre um sinal que já existia.

Para realizar o seu autoexame precisa apenas de reunir as seguintes condições:

  • Um espelho de corpo inteiro;
  • Um espelho de mão;
  • Um local bem iluminado;
  • Uma máquina fotográfica (recomenda-se o telemóvel);
  • Se tiver essa possibilidade, peça ajuda a um familiar.

Criadas estas condições, poderá realizar o seu autoexame da seguinte forma:

  • Faça fotos de grande plano do seu tronco, membros e face;
  • Eventualmente, faça fotos de grande plano de áreas específicas do seu corpo onde exista uma maior quantidade de sinais e das áreas onde tem antecedentes de queimaduras solares;
  • Examine as diferentes partes do corpo, com intervalos de um a dois meses.

Eis os sete passos sobre como deverá examinar as partes do seu corpo:

  1. Examine o rosto, incluindo o nariz, lábios, boca e orelhas (à frente e atrás);
  2. Examine o couro cabeludo, usando um pente para separar o cabelo em madeixas. Se tem pouco cabelo, deve examinar todo o couro cabeludo muito cuidadosamente;
  3. Dê atenção ao pescoço, peito e tronco. As mulheres não devem deixar de examinar bem o espaço entre os seios e por debaixo dos mesmos;
  4. Dobre o cotovelo para examinar o braço e as pernas;
  5. Use o espelho de mão para examinar a parte de atrás do pescoço, os ombros e as costas;
  6. Examine as nádegas, os órgãos genitais e a parte de trás das pernas;
  7. Por fim, examine a planta dos pés e o espaço entre os dedos;

Há, ainda, um método de observação chamado “ABCDE” que ajuda a identificar um possível melanoma:

  • (A) = Assimetria: o sinal é assimétrico?
  • (B) = Bordo: o sinal tem um bordo (contorno) irregular e esfumado nalgumas áreas?
  • (C) = Cor: o sinal apresenta vários tons de cor (negra, castanha, rosada, azulada)?
  • (D) = Dimensão: o sinal tem uma dimensão superior a seis milímetros?
  • (E) = Evolução: o sinal sofreu uma alteração recente no seu aspeto?

Nenhum destes métodos de autoexame devem substituir a avaliação médica, sobretudo quando notar alguma anormalidade.

Existem, ainda, outros motivos para alarme aos quais deve estar sempre atento. Ficam aqui alguns exemplos:

  • Aparecimento de comichão sobre um sinal;
  • Aparecimento de inflamação (vermelhidão);
  • Aparecimento de uma ferida (ulceração);
  • Aparecimento de hemorragia (sangra facilmente).

Outros cancros da pele

O melanoma, já se viu, é o mais grave, mas não é o único tipo de cancro da pele que existe, nem sequer o mais frequente. O carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular são os dois tipos de cancro de pele mais comuns.


Carcinoma basocelular

Existem várias formas de carcinoma basocelular. Os carcinomas de células basais apresentam-se como nódulos na pele, com uma superfície brilhante, que geralmente desenvolvem uma ferida no centro.

Outros carcinomas basocelulares mais superficiais aparecem como manchas finas na pele, de cor castanha ou vermelha. Estes podem ser facilmente confundidos com manchas da pele seca, queratose actínica, eczema ou psoríase, mas não melhoram com cremes hidratantes ou medicamentos esteróides tópicos. Habitualmente, os pacientes apercebem-se que têm uma ferida que não cicatriza.

O tratamento dos carcinomas basocelulares é recomendado e consiste, geralmente, em cirurgia ou outras terapias destrutivas localmente. Em geral o carcinoma basocelular não metastiza à distância, podendo apenas ser destrutivo localmente. Está associado a bom prognóstico.


Carcinoma espinocelular

O segundo tipo de cancro da pele mais frequente é o carcinoma espinocelular. Trata-se de um tumor diferente do melanoma e do carcinoma basocelular. Raramente é problemático, desde que tratado precocemente.

A sua aparência é variada. Geralmente surge como um caroço elevado na pele, com uma superfície áspera, ou como manchas escamosas.

Os carcinomas espinocelulares crescem muito rapidamente e podem ficar ulcerados ou dar origem a feridas que não curam. Frequentemente são confundidos com verrugas. Se tratados precocemente, podem ser curados. Caso contrário, normalmente penetram em regiões mais profundas da pele e podem causar desfiguração permanente.

Em casos raros, os carcinomas espinocelulares podem provocar a morte, pelo que o tratamento cirúrgico é recomendado.

Tal como os restantes tipos de cancro da pele, a radiação ultravioleta recebida pela exposição ao sol ou em solários é a principal causa.


Recomendações de prevenção

O cancro da pele não é para brincadeiras. No trabalho, na prática desportiva, ou nas férias, o ideal é, por isso, adotar medidas de proteção. E elas não são assim tão difíceis. Ficam aqui algumas sugestões:

  • Sempre que possível, realize as suas tarefas ao ar livre no início ou no final do dia, quando o sol não está tão intenso;
  • Tenha cuidado com os dias de vento, nevoeiro e naqueles em que os raios ultravioleta estão elevados;
  • Tente criar condições de sombra na área onde está a trabalhar;
  • Ao sol, use sempre chapéu (preferencialmente de abas largas), óculos escuros e vestuário adequado que proteja o pescoço, decote, braços, antebraços e pernas;
  • Na pele exposta, use protetor solar com um índice de proteção igual ou superior a 30;
  • Tenha cuidados redobrados se estiver a tomar medicamentos fotossensibilizantes;
  • Se tem deficiência de vitamina D, a maneira mais segura e eficaz é tomar um suplemento na dose recomendada pelo seu médico.

Se encontrar uma lesão suspeita, não hesite. Consulte um médico, preferencialmente um dermatologista, o mais rapidamente possível. Siga as seguintes regras de ouro:

  • Não ignore o problema;
  • Não fique à espera a ver se passa;
  • Não tente resolver o problema só por si;
  • Não subestime a possibilidade de ser algo grave;
  • Não pense que não é um assunto prioritário na sua vida;
  • Não tenha receio de consultar um médico.