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Check-up médico: quais os exames que deve fazer com regularidade?

O velho ditado “mais vale prevenir do que remediar” nunca fez tanto sentido como agora, sobretudo no que diz respeito à nossa saúde. Embora muita gente possa pensar que, no contexto atual de pandemia é melhor deixar para mais tarde a realização dos habituais exames médicos de rotina – o chamado check-up médico –, a verdade é que eles são agora ainda mais importantes.

Os exames de rotina permitem identificar potenciais problemas de saúde, antes que estes se transformem em algo mais grave. Esta deteção precoce possibilita um tratamento rápido, evitando complicações, nomeadamente, associadas à Covid-19, garantindo também, uma vida mais longa e saudável.

O check-up médico é um estudo sobre a saúde geral da pessoa, que visa avaliar o risco e rastreio de determinadas doenças, antes que possam apresentar sintomas, bem como minimizar a sua ocorrência e impacto.

Tratando-se de uma avaliação individual e personalizada, os exames a realizar variam de pessoa para pessoa e dependem de fatores como:

  • Idade;
  • Sexo;
  • Raça e etnia;
  • História pessoal de saúde;
  • Histórico familiar;
  • Hábitos de vida (alimentação, atividade física, consumo de tabaco e/ou álcool, entre outros);
  • Condições ambientais.

Para que serve o check-up médico

O check-up médico tradicional deve ser realizado, em média, uma vez por ano e é composto por um conjunto de análises e exames clínicos. Os resultados desta avaliação permitem determinar se a pessoa apresenta fatores de risco significativos para determinados problemas de saúde, tais como:

  • Doenças cardiovasculares;
  • Diabetes;
  • Doenças dos rins;
  • Acidente Vascular Cerebral (AVC);
  • Cancro;
  • Hipertensão arterial;
  • Alterações do perfil lipídico, nomeadamente, colesterol, LDL e triglicéridos;
  • Osteoporose;
  • Obesidade.

O check-up médico de rotina deve ser realizado, preferencialmente, por recomendação do médico assistente, pois é quem conhece melhor o paciente.

O tipo de check-up necessário depende da decisão do médico, após a realização de uma conversa inicial com o paciente (designada por anamnese), durante a qual recolhe informações relativas a queixas, observa a sua linguagem não verbal (gestos e expressões inconscientes), obtém o histórico da saúde individual e familiar, e questiona sobre os hábitos de vida.

Mediante as conclusões desta conversa inicial, o médico define os exames laboratoriais e radiológicos que considera necessários.


Principais exames do check-up médico básico

Medição da tensão arterial

Trata-se de um procedimento simples. Visa, essencialmente, verificar se existe risco de hipertensão (tensão alta), pois esta é um dos principais fatores de risco para complicações cardiovasculares. Em Portugal é mesmo o mais importante fator de risco de acidentes vasculares cerebrais (AVC) e enfartes do miocárdio.

A tensão arterial corresponde à força com que o sangue circula pelo interior das artérias do corpo e a consequente pressão que exerce sobre as paredes destas. Se o sangue estiver sob pressão (tensão alta), o coração é obrigado a um maior esforço, o que pode levar a que a massa muscular e o volume deste aumentem (hipertrofia).


Índice de Massa Corporal

A avaliação do Índice de Massa Corporal permite identificar, de forma rápida, situações de obesidade ou magreza excessiva, relacionando o peso e a altura da pessoa.

A obesidade é um fator de risco para diversas doenças, designadamente:

  • Diabetes;
  • Doenças cardiovasculares;
  • Doenças respiratórias;
  • Doenças osteoarticulares;
  • Dislipidemia;
  • Perturbações psíquicas.

Já no que se refere à magreza excessiva, pode conduzir ao desenvolvimento de anemia, fraqueza, cansaço, dificuldades de concentração e alterações no humor, entre outros problemas de saúde.


Análise do coração e pulmões

O check-up médico ao coração permite identificar o risco de problemas cardíacos e/ou circulatórios, designadamente, arritmias, insuficiência cardíaca e enfarte. É, habitualmente, recomendado que seja realizado a partir da adolescência. Com o avançar da idade, aumenta também a necessidade de repetir o exame com maior frequência.

A predisposição genética para problemas de coração e os comportamentos de risco (como fumar, por exemplo) podem justificar uma maior atenção à importância do check-up e reduzir o intervalo entre o exame de rotina.

Dependendo de cada caso clínico, o médico pode solicitar um ou mais dos seguintes exames:

  • Eletrocardiograma;
  • Ecocardiograma;
  • Raio X ao tórax;
  • Exames Laboratoriais (análises ao sangue);
  • Testes de esforço.

Alguns destes exames permitem, também, avaliar o funcionamento dos pulmões.

O médico pode, ainda, considerar necessário medir a capacidade pulmonar para reter e movimentar ar, assim como para absorver o oxigénio.

Esta avaliação pode ser feita através da realização de diferentes tipos de testes, designadamente:

  • Testes de Função Pulmonar (TFP);
  • Imagiologia torácica.


Hemograma completo

É o exame mais frequente. Permite avaliar todos os componentes celulares no sangue (glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas). Serve para avaliar a saúde de um modo geral, permitindo identificar doenças que causam alterações na composição do sangue. Por exemplo:

  • Anemia;
  • Leucemia;
  • Infeções bacterianas;
  • Infeções virais.

A avaliação das plaquetas possibilita avaliar o risco de trombose e entupimentos nos vasos sanguíneos, bem como a presença de hemorragias.

Medição da glicemia no sangue

É uma análise especialmente recomendada para indivíduos entre os 40 e 70 anos, sobretudo, se tiverem excesso de peso. Valores mais elevados de glicemia no sangue podem indicar diabetes.

Para pacientes que possuem fatores de risco para diabetes, ou aqueles já diagnosticados, é indicada a realização de Hemoglobina Glicada, por ser uma forma eficaz de avaliar os níveis médios da glicose sanguínea nos últimos dois ou três meses.

Pode também ser útil para o diagnóstico do diabetes, apesar da glicemia em jejum ser o exame mais utilizado para esse fim.

Medição da função da tiróide

Medição dos parâmetros TSH, T4 e T3.

Medição do colesterol

A medição do colesterol é, sobretudo, recomendada a mulheres a partir dos 50 anos e aos homens a partir dos 40.

O colesterol pode ser bom (HDL) ou mau (LDL). Nas análises ao sangue é, ainda, avaliado o colesterol total. Valores demasiado altos de LDL são um fator de risco para problemas cardiovasculares.

Medição dos triglicéridos

Os níveis de triglicéridos são medidos através de análises ao sangue e devem ser avaliados uma vez por ano.

Valores excessivamente elevados aumentam consideravelmente o risco de problemas cardiovasculares, estando relacionados com alterações no fígado e no pâncreas.

Medição da função renal

Avaliar a função renal realizando exames nas amostras de sangue (creatinina e ureia) e de urina.

Medição da função hepática

Fornece informação acerca do funcionamento do fígado e vias biliares. Os principais e mais comumente solicitados são os que seguem abaixo:

  • Alanina aminotransferase (ALT);
  • Albumina;
  • Fosfatase alcalina (FAL);
  • Aspartato aminotransferase (AST);
  • Bilirrubina Total e frações;
  • Gama-glutamil transpeptidase (GGT);
  • Desidrogenase láctica (LDH).

Medição de vitaminas

Avaliação do nível de vitaminas importantes para o funcionamento do organismo, nomeadamente, a vitamina B12 e a vitamina D.


Mamografia

A mamografia serve para identificar a presença de cancro da mama e é um exame recomendado para todas as mulheres a partir dos 50 anos de idade, devendo ser realizado, pelo menos, de dois em dois anos.

Quando detetado precocemente, as hipóteses de cura são bastante maiores. Além deste exame, as mulheres a partir dos 20 anos devem fazer regularmente o autoexame da mama.



Citologia

Este exame permite identificar alterações nas células do colo do útero, tendo como principal objetivo a deteção precoce de cancro ou infeções virais.

Habitualmente, é recomendado que seja realizado de três em três anos, para mulheres a partir dos 21 anos, mas também é indicado para as que já iniciaram atividade sexual.

Papanicolau

Este exame visa detetar precocemente eventuais alterações da mucosa do colo do útero, normalmente, provocadas pelo vírus HPV, que representam um importante fator de risco para o desenvolvimento de cancro na mulher. É indicado para mulheres a partir do início da sua atividade sexual.

O Papanicolau é um exame de rastreio e o seu resultado, caso confirme suspeita de lesão pré-maligna, permite ao ginecologista intervir precocemente através da realização de uma biópsia e da administração do tratamento necessário.

É um exame bastante simples, rápido e praticamente indolor, visando a recolha de amostras de células, que são depois enviadas para laboratório. Além do vírus HPV, permite também, pesquisar outras infeções ginecológicas, tais como Gardnerella, Tricomoníase, Candidíase, Gonorreia, Sífilis e Clamídia.


Exame oftalmológico

O exame aos olhos deve ser realizado anualmente, a partir dos 40 anos de idade ou no caso de pessoas com problemas de visão ou diabetes. Além da correção da visão, permite prevenir problemas como o risco de glaucoma ou, em situações limite, cegueira.



Colonoscopia

Este exame, que é geralmente feito sob anestesia, visa detetar lesões no intestino e identificar a presença de células cancerígenas. Deve ser feito com regularidade a partir dos 50 anos. No caso de pessoas com um histórico familiar de cancro colorretal, é recomendável a realização da colonoscopia a partir dos 45 anos.


Endoscopia Digestiva Alta

Este exame visa auxiliar no diagnóstico e tratamento de patologias que acometem a parte superior do tubo digestivo (composto pelo esófago, estômago e duodeno).


Exame da próstata

A idade média para o início dos exames de rotina à próstata é de 50 anos (para homens sem fator de risco) ou 45 anos (para homens com fator de risco).

O exame mais comum é o chamado toque retal, que permite ao médico avaliar, entre outros fatores, a dimensão e o volume da próstata. Trata-se de um método bastante eficaz na deteção de um tumor, designadamente, da sua localização, tamanho e volume.

O exame da próstata pode também ser feito através de uma análise ao sangue para medir os níveis PSA (“Antigénio Específico da Próstata”). Quanto maior a densidade de PSA, maior é a suspeita para patologias da próstata, nomeadamente:

  • Cancro da próstata;
  • Prostatite (aguda ou crónica);
  • Infeção urinária ou genital;
  • Ocorrência de um episódio de retenção urinária (urina presa);
  • Aumento benigno da próstata (HBP).

Análises à urina

A realização de análises à urina permite identificar indícios importantes sobre várias doenças, sobretudo as relacionadas com os rins e as vias urinárias. Muitas dessas doenças podem não apresentar sinais ou sintomas.

As análises à urina permitem detetar, por exemplo, problemas e doenças como:

  • Febre;
  • Desidratação;
  • Stress;
  • Inflamação ou infeção do trato urinário;
  • Lúpus;
  • Doenças glomerulares (que afetam a filtração do sangue e a produção de urina);
  • Lesão renal provocada por diabetes;
  • Síndrome nefrótica (perda muito elevada de proteínas pela urina);
  • Proteinúria (quantidade anormal de proteína);
  • Diabetes Mellitus;
  • Problemas hepáticos (fígado).

Exames às fezes

A realização de exames às fezes permite detetar a ocorrência de sangramento no sistema digestivo, através da pesquisa de sangue oculto nas fezes, que pode estar relacionado com uma irritação leve, sem grande significado, ou com a presença de cancro.

Por vezes, o sangue encontra-se oculto nas fezes, pelo que não altera a sua aparência. Daí que a realização desta análise laboratorial seja de grande utilidade para a deteção precoce de úlceras, cancro ou outras alterações.



Exame dentário

Frequentemente descurado, o exame dentário é fundamental. Isto porque as doenças orais podem ter um importante papel na perda de qualidade de vida e, inclusive, no desenvolvimento de problemas cardíacos, cancro, diabetes e outras doenças.

Incluir o check-up dentário na lista de exames médicos de rotina é, por isso, extremamente importante. A periodicidade ideal varia de acordo com cada pessoa e situação específica.

Vale ressaltar que cada avaliação deve ser individualizada e discutida com o seu médico assistente.

Cuide bem da sua Saúde!