Post Image

Fígado gordo: como tratar?

Estima-se que em Portugal mais de um milhão de pessoas tenha o fígado gordo ou esteatose hepática. Isto é, cerca de 15% da população sofre de uma acumulação excessiva de gordura neste que é o segundo maior órgão do corpo, o que significa que 5% a 10% da massa do fígado corresponde a gordura.


Fígado gordo: do que se trata?

A gordura que ingerimos é metabolizada no fígado e noutros tecidos. Contudo, se ela for ingerida numa quantidade excessiva, ela acaba por ficar armazenada no tecido adiposo, acumulando-se no fígado que se mostra incapaz de a transformar e eliminar.

Este problema pode ter diferentes causas e evoluir para várias doenças irreversíveis do fígado. Embora esta condição esteja, muitas vezes, associada ao consumo excessivo de álcool, também pode acometer pessoas que não ingerem bebidas alcóolicas. Nesses casos, falamos de Fígado Gordo Não Alcoólico (FGNA).

O FGNA pode desenvolver inflamação e lesões irreversíveis, semelhantes às causadas por outras doenças hepáticas, como a cirrose e o tumor do fígado.


Causas e fatores de risco

Como referimos, apesar do fígado gordo ter uma prevalência acentuada em indivíduos que consomem álcool em excesso, este problema de saúde também pode afetar pessoas que não ingerem de todo bebidas alcoólicas. Além disso, e embora seja uma doença mais frequente em homens mais velhos e em mulheres pós-menopáusicas, esta patologia também afeta entre 20% a 50% das crianças obesas.

Geralmente, as pessoas com FGNA sofrem de síndrome metabólica, ou seja, têm excesso de peso/obesidade (e muita gordura concentrada na região abdominal), diabetes (ou seja, níveis elevados de açúcar no sangue) e dislipidemia (níveis elevados de colesterol e de triglicerídeos, ou seja, de gordura no sangue).

Além dos fatores de risco já mencionados, há outras causas mais raras para o desenvolvimento do fígado gordo. Entre elas, estão:

  • síndrome do ovário poliquístico;
  • apneia do sono;
  • hipotiroidismo;
  • medicamentos (como a amiodarona, os estrogénios, os corticóides, o tamoxifeno, os antiretrovirais);
  • perda de peso rápida;
  • formas artificiais de nutrição;
  • toxinas (produtos químicos e cogumelos como o Amanitas phalloides).

Sintomas e consequências

De uma forma geral, o fígado gordo pode não manifestar quaisquer sintomas.

Porém, em algumas pessoas, pode provocar cansaço/fadiga e dor/desconforto no quadrante superior direito do abdómen. Além disso, pode ainda causar:

  • fígado aumentado;
  • distensão abdominal (ascite);
  • alargamento dos vasos sanguíneos à superfície da pele;
  • seios aumentados (nos homens);
  • Icterícia (coloração amarela da pele e escleras).

Em muitos casos, o fígado gordo tem uma evolução benigna, não representando um problema grave para o bem-estar e para a saúde do doente.

Contudo, as pessoas mais velhas, com diabetes e com inflamação no fígado correm maior risco do fígado gordo evoluir para um quadro de cirrose ou contribuir para o desenvolvimento de outras doenças, nomeadamente doenças cardiovasculares.


Diagnóstico

Como o fígado gordo é, habitualmente, assintomático, um indicador que pode ajudar a suspeitar deste problema de saúde é o aumento das enzimas hepáticas transaminases (AST, ALT, GGT) nas análises sanguíneas de doentes obesos, diabéticos e/ou dislipidémicos.

Outras vezes, este problema é diagnosticado através da realização de uma ecografia abdominal que mostra um fígado "brilhante" (devido ao excesso de gordura) e/ou com volume aumentado (hepatomegalia).

Perante estes dados, pode ser feita uma biópsia hepática, de modo não só a confirmar o diagnóstico, como a avaliar o grau de inflamação do fígado, ou seja, se estamos perante um fígado gordo ou uma esteatohepatite.


Tratamento

Não há um tratamento específico para o problema do fígado gordo, sendo que as recomendações para reverter este diagnóstico passam sobretudo por alterações no estilo de vida.

Entre essas alterações estão medidas como:

  • perder peso, diminuindo o número de calorias ingeridas por dia;
  • fazer uma dieta equilibrada, consumindo pouca gordura; preferindo o azeite; reduzindo o consumo de carnes vermelhas; e aumentando a ingestão de vegetais, frutas e cereais integrais;
  • praticar exercício físico, 3 a 4 vezes por semana, durante 30 a 60 minutos diários;
  • não ingerir bebidas alcoólicas;
  • manter controladas outras doenças, como a hipertensão arterial, a diabetes e a dislipidemia, nomeadamente, através da toma da medicação prescrita pelo médico.

  • Prevenção

    Para tentar prevenir o fígado gordo, deve adotar as mesmas medidas recomendadas para quem já tem esteatose hepática e pretende corrigir esse problema.

    Assim, deve procurar:

    • Manter uma dieta saudável;
    • Evitar o excesso de peso;
    • Praticar exercício físico regularmente;
    • Evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.