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Saúde feminina: o que deve ter em atenção em cada etapa da vida

Saúde feminina: principais problemas e complicações

A população portuguesa possui mais mulheres do que homens e a esperança média de vida feminina também é superior à masculina. Porém, essa longevidade nem sempre é sinónimo de saúde feminina.

Há vários fatores biológicos, comportamentais, psicológicos e sociais que podem interferir na saúde da mulher. Por isso, é importante ter em conta as várias particularidades de cada etapa da sua vida, de modo a prevenir certos problemas e a reduzir o risco de determinadas complicações.

As alterações que o corpo feminino vai sofrendo ao longo dos anos exigem cuidados de saúde distintos, que vamos abordar de seguida.


Saúde reprodutiva

Cerca de ⅓ dos problemas de saúde feminina que surgem entre os 15 e os 44 anos de idade estão relacionados com problemas sexuais e reprodutivos.

O aconselhamento médico, as consultas de planeamento familiar e a adoção de métodos contraceptivos adequados são passos fundamentais para evitar os riscos inerentes a relações sexuais não protegidas, como gravidezes indesejadas e doenças sexualmente transmissíveis.

Não há muitos dados objetivos acerca das infeções sexualmente transmissíveis em Portugal. Porém, sabe-se que é essencial apostar nos rastreios, na prevenção e no tratamento de doenças como a hepatite, a gonorreia, a clamídia e a sífilis, assim como o VIH.

A nível mundial, as infeções por VIH atingem, principalmente, as mulheres jovens. Já Portugal tem apresentado uma tendência decrescente no surgimento de novos casos de infeção. Ainda assim, em 2016, 28.5% dos novos diagnósticos de VIH foram feitos a mulheres, sobretudo entre os 30 e os 39 anos de idade.


Saúde materna

Ter cuidados de saúde durante a gravidez, parto e pós-parto pode ser determinante para o bem estar e para a saúde feminina, contribuindo para a redução quer da mortalidade materna, quer da mortalidade infantil.

Neste sentido, é importante que todas as gravidezes sejam acompanhadas seja nos cuidados primários, seja nos cuidados secundários, em função do seu nível de risco.


Saúde mental

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão afeta mais as mulheres do que os homens. Os estudos corroboram esta perspetiva, concluindo que as mulheres tendem a sofrer mais de ansiedade ou de queixas somáticas.

Portugal segue esta mesma tendência e, por isso, a preservação da saúde mental feminina é da máxima relevância.


Doenças não transmissíveis

De acordo com a OMS, em 2012, aproximadamente 4,7 milhões de mulheres com menos de 70 anos de idade morreram de doenças não transmissíveis, de que são exemplo a hipertensão arterial, a diabetes, as doenças respiratórias crónicas, as doenças malignas, entre outras.

Os dois cancros mais frequentes nas mulheres são o cancro da mama e o cancro do colo do útero. Embora não haja consenso científico em torno deste aspeto, existem alguns estudos que apontam os rastreios e o diagnóstico precoce destas doenças como medidas essenciais para melhorar a saúde feminina e evitar casos de mortalidade associados a estas patologias.

Para prevenir este desfecho, é também imprescindível que as mulheres adotem estilos de vida saudáveis ao longo de toda a sua vida, fazendo uma alimentação equilibrada, praticando exercício físico, vigiando a sua saúde, não fumando, entre outras medidas benéficas para a saúde feminina.


Saúde feminina: consultas, exames e vacinas essenciais

Consultas

Além de consultas de outras especialidades como oftalmologia, dentária e otorrinolaringologia que tanto mulheres, como homens, devem fazer a partir de determinada idade ou perante certos sintomas ou fatores de risco, há consultas especialmente importantes para a saúde feminina, tais como:


Médico de Família

A partir dos 18 anos, as mulheres devem fazer um check-up anual que inclua: observação clínica, medição da tensão arterial e prescrição de análises ao colesterol, glicemia, ureia, entre outras.

Ginecologia

Anualmente, a partir do momento em que a mulher inicia a sua vida sexual ou a partir dos 20/25 anos, é importante que vá a uma consulta de ginecologia, onde lhe deve ser feito um exame ginecológico.

Nestas consultas, ela pode tirar dúvidas sobre a sua saúde íntima, sexualidade, dores menstruais, problemas de infertilidade, menopausa, entre outras.

Pré-Natal e gravidez

Esta consulta destina-se às mulheres que estão a planear engravidar. Ela deve incluir: exame ginecológico, citologia, prescrição de análises de rotina, com rastreio do VIH e hepatite B, toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus.

Após esta consulta, e depois da mulher já estar grávida, é fundamental que ela continue a ser acompanhada ao longo de toda a gestação, fazendo todos os exames e análises indicados pelo médico que a estiver a seguir.


Exames

A partir de determinada idade, há exames que são obrigatórios para vigiar a saúde feminina.

Aqui ficam os principais:


Citologia

A citologia é um exame que permite detetar mudanças nas células do colo do útero, células malignas ou infeções virais, entre outros problemas de saúde feminina. Este deve ser realizado, no mínimo, de 3 em 3 anos, a partir do momento em que as mulheres iniciam a sua vida sexual ou a partir dos cerca de 20 anos de idade.

Diagnosticar precocemente doenças no útero contribui para um tratamento mais eficaz das lesões encontradas.

Autoexame da mama

Sensivelmente a partir dos 20 anos, a mulher deve fazer, sete dias após a menstruação, o auto-exame da mama.

Primeiro, a mulher deve colocar-se em frente ao espelho e observar as suas mamas, de modo a detetar sinais como: assimetria excessiva; pele casca de laranja; vermelhidão; ou líquido no mamilo.

Depois, deve fazer a palpação da mama. Uma das formas possíveis de o fazer é manter-se de pé, com uma mão na nuca e a outra a percorrer a mama, no sentido dos ponteiros do relógio, de fora para dentro, sem descurar a palpação do mamilo e da axila. Caso sinta algo estranho ou diferente, deve consultar o médico.

Mamografia

A partir de determinada idade, o autoexame da mama não é suficiente e deve ser complementado com a mamografia. Em função dos fatores de risco, nomeadamente da existência ou não de historial de cancro de mama na família, a prescrição deste exame pode ser feita mais cedo ou mais tarde.

Porém, grosso modo, tanto a mamografia, como a ecografia mamária, podem ser

recomendadas pelos médicos a mulheres a partir dos 40 / 50 anos de idade, sendo que, geralmente, devem ser repetidas anualmente ou de 2 em 2 anos.

Densitometria óssea

As doenças ósseas afetam, sobretudo, pessoas com mais de 65 anos, assumindo uma prevalência significativa no universo feminino, sobretudo depois da menopausa. Por esse motivo, pode ser importante realizar este exame que permite determinar a densidade mineral óssea e diagnosticar problemas de saúde como a osteoporose.


Vacinas


Vírus do Papiloma Humano (HPV)

De acordo com o Plano Nacional de Vacinação, aos 10 anos de idade, as meninas devem tomar duas doses da vacina contra infeções pelo vírus do papiloma humano de 9 genótipos (HPV9).

Em termos mundiais, o HPV é uma das infeções sexualmente transmissíveis mais frequentes, sobretudo entre os mais jovens. Pode ser assintomática ou causar lesões benignas, como também pode estar na origem de malignas.

O HPV inclui mais de 200 vírus: alguns de baixo risco e outros de alto risco, que podem causar cancros, como os do colo do útero, vaginal, anal, vulva, orofaríngeo e peniano.

Para prevenir esta doença, deve usar-se preservativo durante as relações sexuais, assim como tomar esta vacina.