Suplemento de vitamina D: deve ou não tomar?
A vitamina D é um micronutriente que ajuda a regular a quantidade de cálcio e fósforo no organismo, sendo fundamental para o seu bom funcionamento.
Tradicionalmente é destacado o papel essencial da vitamina D na saúde dos ossos, dentes e músculos.
Nos últimos anos, diversas investigações têm revelado, no entanto, que a sua importância vai ainda mais além, designadamente, na proteção contra uma série de problemas de saúde. Eventualmente até na prevenção e tratamento do coronavírus.
Conhecida como a “vitamina do Sol”, a vitamina D é absorvida pelo organismo através da exposição solar, da alimentação (em muito menor grau) ou de suplementos alimentares.
Visto que a principal fonte de vitamina D é a exposição da pele ao Sol de forma regular, e não apenas nas férias, a sua absorção está muito dependente do estilo de vida de cada pessoa.
Implicações da vitamina D
Causas, sintomas e consequências
A elevada prevalência de baixos níveis de vitamina D é, atualmente, encarada como um problema de saúde pública que afeta vários países europeus, entre os quais Portugal.
A principal preocupação tem a ver com os grupos de risco para o desenvolvimento de doenças como a osteoporose e as suas consequências.
A carência de vitamina D está, normalmente, associada à exposição solar insuficiente, acompanhada por uma dieta pobre neste micronutriente, embora determinados distúrbios possam também estar na origem dos níveis reduzidos.
As pessoas mais velhas tendem a desenvolver deficiência de vitamina D por diferentes motivos:
- As suas necessidades são mais altas do que as dos jovens;
- Passam menos tempo ao ar livre, pelo que têm uma exposição solar reduzida;
- A sua pele não produz tanta vitamina D;
- Podem ter doenças ou tomar medicamentos que interferem no processamento de vitamina D.
A deficiência de vitamina D é, em geral, assintomática. A sua progressão é, por isso, “silenciosa” e contribui para o aumento do risco de patologias como a diabetes, doenças cardiovasculares ou infeciosas e cancro, para além da osteoporose.
No entanto, níveis muito baixos de vitamina D podem ter alguns sintomas. Eis alguns dos mais comuns:
- Sensação de cansaço, fraqueza e/ou mal-estar;
- Dor nos ossos e músculos;
- Espasmos musculares;
- Fraqueza dos ossos.
Quando o défice é mesmo muito elevado, há problemas sérios que podem surgir, nomeadamente:
- Desenvolvimento de raquitismo nos bebés;
- Em crianças entre um e quatro anos de idade, desvios da coluna vertebral (escoliose) e pernas arqueadas ou joelhos juntos;
- Em raparigas adolescentes, achatamento dos ossos pélvicos que provoca um estreitamento da vagina;
- Nos adultos, fragilidade óssea, sobretudo na coluna vertebral, pelve e pernas, com dor ao toque e possível ocorrência de fraturas;
- Em pessoas idosas, podem ocorrer fraturas ósseas, especialmente na zona da anca, a partir de um traumatismo ligeiro ou de uma queda simples.
A manutenção dos níveis adequados de vitamina D no organismo contribui, por seu turno, para evitar o aparecimento de um conjunto de doenças:
- Fraqueza muscular;
- Cancro;
- Problemas cardiovasculares;
- Fragilidade óssea;
- Osteoporose;
- Constipações, gripes e asma;
- Artrite reumatóide;
- Obesidade;
- Depressão.
Fontes de vitamina D
A vitamina D é produzida na pele quando esta é exposta à luz solar (radiação ultravioleta). Trata-se de uma vitamina lipossolúvel, ou seja, que é absorvida juntamente com os lípidos (gorduras), um dos nutrientes mais importantes que o organismo retira dos alimentos e que são fundamentais para o armazenamento de energia.
A exposição adequada ao sol (20 minutos por dia no início da manhã e no final da tarde), sobretudo nos meses mais quentes, é por isso a melhor forma de manter os níveis necessários de vitamina D.
Isto não significa, porém, que se deva deixar de usar protetor solar, pois a sua utilização não impede a produção de vitamina D.
Ela é, também, encontrada num pequeno número de alimentos, que inclui:
- peixes gordos (salmão, atum em lata, sardinha, arenque e cavala, entre outros);
- carne vermelha;
- fígado;
- gemas de ovo;
- queijos;
- cogumelos;
- alimentos fortificados (tais como algumas gorduras para barrar e cereais de pequeno-almoço).
Uma outra fonte de vitamina D são os suplementos alimentares sob diversas formas, designadamente gomas, cápsulas, comprimidos e óleos.
Suplemento de vitamina D: devemos tomar ou não?
A exposição ao sol e uma alimentação adequada não são, por vezes, suficientes para assegurar níveis adequados de vitamina D. Nessas alturas, os suplementos alimentares podem ser a melhor solução.
Convém, no entanto, ter presente que nos países solarengos, como Portugal, a toma de suplementos de vitamina D é, na maioria dos casos, desnecessária. Além disso, ela deve ser sempre feita sob indicação médica, pois o seu excesso também não é positivo.
Só um médico pode orientar sobre a necessidade de uma pessoa ingerir ou não vitamina D, mediante a realização de análises sanguíneas. Se os níveis estiverem baixos, irá ser procurada a causa e será definida a melhor forma de repor a vitamina.
Qualquer pessoa que sinta os sintomas atrás descritos deve, por isso, primeiramente, procurar um médico.
Vitamina D e Covid-19
O papel da vitamina D na prevenção e tratamento de infeções respiratórias agudas tem sido estudado desde a década de 1930.
Recentemente, o facto de haver fatores de risco comuns para a deficiência de vitamina D e a gravidade da COVID-19 – por exemplo, a obesidade e a idade avançada – levou diversos investigadores a colocarem a hipótese de que a suplementação de vitamina D pode ser prometedora na prevenção ou no tratamento da infeção pelo coronavírus.
Vários estudos têm demonstrado que pessoas infetadas com a COVID-19 que apresentem défice de vitamina D estão mais sujeitas a complicações sérias e a um maior risco de morte.
Um estudo refere, inclusive, que pacientes internados com Covid-19 medicados com suplementos orais de vitamina D como parte do seu tratamento tiveram uma probabilidade significativamente menor de serem transferidos para os cuidados intensivos, quando comparados com doentes com Covid-19 que não receberam suplementação vitamínica.
Desta forma, embora os investigadores ainda não tenham chegado a conclusões definitivas, tudo aponta para que níveis adequados de vitamina D no organismo possam, de facto, constituir uma proteção contra as consequências mais graves da Covid-19.
Esta evidência não justifica, porém, uma corrida à suplementação com vitamina D, pois a mesma deve ser sempre recomendada sob indicação médica.
Riscos de vitamina D em excesso
O consumo de vitamina D em excesso, durante um longo período de tempo, pode representar um risco para a saúde, pois pode tornar-se tóxica.
Uma vez que a vitamina D aumenta a absorção de cálcio no trato gastrointestinal a sua toxicidade resulta em hipercalcemia, o que pode levar a situações como:
- náuseas;
- vómitos;
- fraqueza muscular;
- perturbações neuropsiquiátricas;
- dor;
- perda de apetite;
- desidratação;
- poliúria;
- sede excessiva;
- pedra nos rins.
Em casos extremos, a toxicidade da vitamina D pode causar insuficiência renal, calcificação dos tecidos moles em todo o corpo (incluindo nos vasos coronários e válvulas cardíacas), arritmias cardíacas e até morte.
A toxicidade da vitamina D pode ser provocada pelo consumo de suplementos alimentares que contêm quantidades excessivas desta vitamina devido a erros de fabrico, que foram tomados de forma inadequada ou em quantidades excessivas, ou que foram incorretamente prescritos.