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Saiba como prevenir e tratar varizes nas pernas

As varizes são veias tortuosas e dilatadas localizadas logo abaixo da pele. Geralmente surgem nas pernas e estão associadas a uma condição chamada doença venosa crónica.

Além de uma tendência hereditária, há outros fatores de risco que convém conhecer. O diagnóstico é, habitualmente, feito por um médico angiologista e cirurgião vascular e os tratamentos propostos dependem de cada caso.


Varizes nas pernas: o que são e como intervir

Como elas aparecem

O sangue é transportado ao longo do corpo através de artérias e veias. A artéria conduz o sangue rico em oxigénio para longe do coração, em direção ao resto do corpo, abastecendo os órgãos e os tecidos. A veia é o vaso que leva o sangue de volta ao coração e pulmões para que ele possa receber oxigénio novamente.

Ao serem as responsáveis pelo retorno do sangue ao coração, as veias lutam contra a força da gravidade. Vários mecanismos intervêm para facilitar este processo. Entre eles são particularmente importantes as válvulas, que funcionam como uma espécie de comporta ao impedirem que o sangue flutue. Desta forma, o sangue segue sempre numa única direção.

Se as válvulas estiverem fracas ou danificadas, o sangue das pernas que deveria subir em direção ao coração começa a retornar para baixo e a acumular-se com o sangue novo que está a subir. O resultado é a dilatação das veias, que se tornam tortuosas, e há uma maior dificuldade de escoamento de sangue para o coração.

Visto que as veias periféricas das pernas se encontram muito próximas da pele, esta dilatação e tortuosidade torna-se facilmente visível.


Fatores de risco

As varizes nas pernas são muito comuns, afetando uma grande parte da população. Há, no entanto, fatores de risco importantes a ter em conta. Estes são os mais importantes:

  • Idade
    Nas mulheres, a prevalência entre os 30 e 40 anos é de 20%, aumentando gradualmente para valores acima dos 50% na faixa etária dos 70 anos. Nos homens, a prevalência de varizes entre os 30 e os 40 anos é de cerca de 3%, enquanto nos maiores de 70 anos pode registar valores próximos dos 40%.
  • Sexo feminino
    A presença de algumas hormonas, como a progesterona, causa a dilatação das veias e favorece o aparecimento de problemas nas válvulas, provocando as varizes.
  • História familiar
    Existe um fator genético que favorece o aparecimento das varizes.
  • Obesidade
    Quanto maior o peso, maior a pressão sobre as veias e, por isso, maior o risco de surgimento de varizes.
  • Tabagismo
    O tabaco agride as paredes dos vasos sanguíneos, favorecendo a formação de varizes.
  • Gravidez
    O aumento de algumas hormonas, associado a um maior volume de sangue em circulação e à compressão das veias na zona do abdómen, favorece o surgimento de varizes.
  • Sedentarismo
    O impacto da planta no pé no chão provoca um bombeamento mecânico do sangue acumulado nos pés e a contração dos músculos gémeos (barriga da perna) impulsiona o sangue venoso para cima. Desta forma, o ato de andar e a atividade física facilitam o retorno do sangue ao coração.
  • Traumas nas pernas
    Qualquer lesão nas veias pode torná-las mais fracas e suscetíveis de sofrerem dilatações.
  • Passar muito tempo de pé ou sentado
    Dificulta o retorno venoso e favorece o aparecimento das varizes.
  • Pílulas anticoncecionais
    Provocam uma variação hormonal que favorece o aparecimento de varizes.

Sintomas e complicações

Habitualmente, as queixas de quem sofre de varizes são a dor, o inchaço e a sensação de peso e cansaço nos membros inferiores. Estes sintomas costumam agravar-se ao longo do dia e aliviam com a elevação das pernas.

Em doentes que já têm varizes há muito tempo podem também ocorrer alterações da cor e da consistência da pele, nomeadamente, o seu escurecimento e endurecimento.

Estas alterações ocorrem sobretudo na zona inferior e interna da perna e ao nível dos tornozelos, culminando com o aparecimento de feridas (úlceras venosas) que podem ser muito difíceis de cicatrizar. Durante a noite, podem sentir prurido e cãibras nas pernas.

Nestes doentes há ainda o risco de pequenos traumatismos lhes causarem rotura e sangramento com perdas de sangue significativas. Estes episódios chamam-se varicorragias.


Tratamento

O diagnóstico da doença venosa crónica é, habitualmente, feito por um médico especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular, após um exame físico cuidadoso e a execução de um exame de ecografia chamado ecodoppler venoso, que permite estudar a morfologia e a circulação das veias dos membros inferiores.

Este exame, sem efeitos adversos e de baixo custo, facilita a identificação dos segmentos venosos afetados e a escolha do melhor tratamento.

Há vários tratamentos possíveis, sendo que a sua escolha depende de cada caso. Podem passar pelas seguintes técnicas:

  • Toma de medicação que melhore a circulação sanguínea.
  • Uso de meias elásticas compressivas.
  • Escleroterapia (injeção de uma substância no interior da veia para a secar).
  • Cirurgia sem remoção das veias afetadas (minimamente invasiva, normalmente em regime ambulatório).
  • Cirurgia para remoção das veias afetadas.

Prevenção

Embora os tratamentos atualmente disponíveis sejam eficientes, o doente deve estar consciente de que se trata de um problema crónico, pelo que existe sempre o risco de voltarem a aparecer varizes no futuro.

É, por isso, fundamental que o tratamento seja acompanhado por mudanças no estilo de vida. Algumas destas medidas são comuns a quem nunca teve problemas com varizes e deseja prevenir o seu aparecimento. Eis algumas sugestões:

  • Pratique exercício físico com regularidade. As caminhadas são uma boa opção, pois estimulam a circulação sanguínea (impacto da planta do pé no chão e contração dos gémeos).
  • Se sofrer de obesidade, procure diminuir o seu peso. Isso irá melhorar a circulação do sangue e aliviar a pressão nas veias.
  • Evite ficar em pé ou sentado durante longos períodos de tempo.
  • Procure sentar-se elevando os pés para que as suas pernas fiquem acima do nível do coração.
  • Evite exercícios físicos extenuantes ou vigorosos. Estes podem piorar as varizes.
  • Antes de iniciar qualquer programa de exercício, pergunte ao seu médico qual o nível de atividade física ideal para si.
  • Em pacientes com uma predisposição genética muito forte (grande historial familiar), o ideal é procurar outros métodos contracetivos que não as pílulas anticoncecionais.