Periodontite: como tratar este problema
A periodontite é uma doença infeciosa bacteriana que, se não for diagnosticada e tratada a tempo, pode provocar a perda dos dentes e, em casos mais graves, afetar a saúde geral do doente.
Geralmente, a periodontite tem origem numa gengivite (inflamação da gengiva) não tratada e na acumulação prolongada da placa bacteriana e do tártaro.
Com o passar do tempo, as toxinas produzidas pelas bactérias irritam a gengiva e estimulam uma resposta inflamatória, que leva à destruição do osso que envolve os dentes.
Na maioria dos casos, a periodontite é assintomática e pode ser descoberta pelo dentista numa consulta de rotina.
O que é a periodontite
Causas
Uma inflamação das gengivas (gengivite) é, na maioria dos casos, a principal responsável pelo aparecimento da periodontite.
A periodontite ocorre quando, além da gengivite não tratada, também se verifica uma acumulação prolongada do tártaro (a chamada “pedra” nos dentes) e da placa bacteriana, uma substância pegajosa esbranquiçada e amarelada que surge na região dos dentes e da gengiva e é composta, principalmente, por bactérias, saliva, restos de comida e células mortas que são depositadas continuamente nos dentes.
Esta acumulação provoca a formação de bolsas entre os dentes e as gengivas. Estas bolsas estendem-se para uma zona pobre em oxigénio, entre a raiz do dente e o osso que o envolve, proporcionando o ambiente ideal para o crescimento de bactérias mais agressivas em pessoas com determinadas fragilidades no seu sistema imunitário.
Esta situação provoca uma inflamação crónica que danifica o tecido e o osso que segura os dentes. Quando não é tratada, a longo prazo verifica-se perda de osso significativa, pelo que o dente acaba por começar a abanar e as gengivas retraem-se.
A perda de dentes tem início, normalmente, a partir dos 35 a 40 anos de idade.
Esta sucessão de acontecimentos pode ser desencadeada por diversos motivos:
- Higiene oral deficiente;
- Má oclusão dos dentes (o que facilita a acumulação de restos alimentares entre eles);
- Acumulação de tártaro;
- Cáries;
- Baixa produção de saliva (xerostomia);
- Tabagismo (um dos principais fatores de risco);
- Medicamentos fortes;
- Diabetes Mellitus;
- Alterações hormonais (sobretudo em mulheres);
- Predisposição genética;
- Síndrome de Down;
- Doença de Crohn;
- Deficiência de glóbulos brancos;
- SIDA;
- Dieta desequilibrada e um estilo de vida pouco saudável.
Sintomas
Na maior parte dos casos, a periodontite é assintomática. No entanto, há um conjunto de sintomas facilmente identificáveis que podem surgir:
- Hemorragia;
- Inflamação das gengivas;
- Gengivas inchadas;
- Sensibilidade das gengivas ao toque;
- Formação de bolsas (aumento do espaço entre o dente e a gengiva);
- Retração gengival (a gengiva começa a desaparecer e as raízes ficam expostas);
- Mau hálito (halitose);
- Paladar alterado;
- Dentes aparentemente mais longos.
Numa fase mais avançada:
- Mobilidade dentária (os dentes começam a abanar);
- Mudança de posição dos dentes na boca.
A periodontite não costuma causar dor, a menos que ocorra uma infeção (por exemplo, a formação de pús (abcesso) numa bolsa), os dentes se tornem tão frágeis ao ponto de se moverem durante a mastigação, ou a pessoa tenha a doença devido ao HIV.
Tratamento
Ao contrário de uma gengivite, que pode ser curada apenas com a adoção de uma boa higiene oral (escovagem diária dos dentes e utilização de fio dentário), a periodontite obriga a um tratamento profissional por um médico dentista.
Na grande maioria dos casos, é impossível reverter a perda óssea. É, no entanto, possível parar ou reduzir a sua evolução.
O tratamento passa pela remoção de toda a placa bacteriana e do tártaro, com recurso a ultrassons (destartarizador) e/ou instrumentos manuais (curetas) destinados a descontaminar e alisar as raízes.
Nos casos mais graves de periodontite, o tratamento pode passar pela cirurgia, tendo em vista a limpeza das zonas mais profundas e a extração do(s) dente(s).
O doente tem um papel fundamental no sucesso de qualquer tratamento, pois é fundamental que, em simultâneo, garanta uma higiene oral diária correta e eficaz.
Pessoas com fatores de risco, como a má higiene oral, a diabetes e o tabagismo, devem receber tratamento específico para esses fatores.
Tipos de periodontite
Existem vários tipos de periodontite, embora a periodontite crónica seja a mais comum. Conheça as características principais de cada uma delas:
Periodontite crónica
Pode ocorrer em qualquer idade, mas começa a desenvolver-se, normalmente, a partir dos 35 a 40 anos e é quase sempre precedida por uma gengivite não tratada. A sua evolução costuma ser lenta, embora possam ocorrer períodos de progressão rápida.
Periodontite agressiva
Ocorre em pessoas sem outros problemas de saúde. Inclui, habitualmente, perda do suporte periodontal e destruição óssea rápidas, bem como história familiar da doença.
Periodontite como manifestação de doença sistémica
Costuma iniciar-se em idades mais jovens. Pode ter associadas doenças cardíacas, respiratórias e diabetes.
Doença periodontal necrotizante
Infeção caracterizada pela necrose rápida (morte de tecido) da gengiva e osso alveolar (que envolve os dentes). Este tipo de lesão é frequente em doentes seropositivos, malnutridos ou imunodeprimidos.
Prevenção
A correta higiene oral é a melhor forma de prevenir a periodontite, bem como inúmeros outros problemas que podem afetar as gengivas e os dentes.
Felizmente, não é nada difícil adotar um conjunto de comportamentos diários que não só protegem a saúde oral como contribuem para aumentar a autoestima. Afinal de contas, nada como um sorriso bonito, não é?
Seguem-se algumas sugestões:
- Escovar os dentes, pelo menos, três vezes ao dia. De preferência após as refeições, utilizando uma pasta dentífrica e uma escova que consiga alcançar todos os dentes. A utilização de uma escova elétrica, com sensor de pressão, é o ideal.
- Utilizar fio dentário após as refeições, de forma a limpar os espaços entre os dentes. Esta prática vai permitir retirar os resíduos alimentares que aí ficam e, assim, impedir a formação da placa bacteriana.
- Evitar os doces, pois estes contribuem para aumentar a placa bacteriana. Se não resistir, escove os dentes imediatamente a seguir.
- Visitar o dentista com regularidade. Dependendo do estado da sua saúde oral, agende uma consulta, no mínimo, uma vez por ano.